quarta-feira, 27 de junho de 2012

Razão adormecida



Sessenta e cinco anos após a publicação, revisitamos a "Dialéctica do Esclarecimento", conduzidos por dois autores* que retomam a tese defendida pelos teóricos da Escola de Frankfurt: a distinção entre alta e baixa cultura e a televisão banal como um exemplo dos efeitos negativos da cultura de massa sobre os espectadores.


Texto Dina Cristo

Theodor Adorno parte do Marxismo e do Iluminismo. O primeiro útil mas insuficiente para explicar a super-estrutura cultural, o segundo degenerado numa razão instrumental (distante da Razão Pura de Kant) tão totalitária como o mito anterior, já que a linguagem, geral, não integra, na verdade, todas as particularidades, que assim ficam extirpadas. O conceito geral ao (re)definir, ao nomear, está a (re)ordenar, a regular, a controlar, a dominar – a manipular a realidade dos objectos referidos. Eis identificada uma das presciências de Adorno: o consumo de signos no lugar dos referentes (a hiper-realidade de Baudrillard) e a sua falsa identidade.

Desenvolvida no capitalismo industrial e aplicada nos “mass media”, a razão distorcida manifesta-se na baixa cultura da indústria cultural – rádio, televisão, cinema e desporto – caracterizada pela redução da tensão (entre forma e conteúdo) em detrimento de uma linguagem fácil, leve, superficial, previsível, submetida aos formatos comerciais pré-determinados, heterónoma, portanto, e homogénea. Vicária, na substituição artificial e incompleta entre o todo (canção) e a parte (o refrão, por exemplo) e vice-versa, harmoniosamente resolvida.

Diferentemente, na arte, a alta cultura, inacessível às massas, que não a (re)conhece, há espaço, tempo e liberdade para a criatividade, o ângulo particular, a dissonância, o conflito não resolvido. Complexa, autónoma e heterogénea, tem “aura” e autor(idade).

Ao contrário de Walter Benjamin, para quem a reprodução técnica permitiria a educação das massas e uma verdadeira cultura de massa – feita para si e por si, expressando os seus anseios e sonhos, Adorno defende que esta cultura industrializada não só produz o produto cultural como fabrica a própria audiência - a natureza dos seus desejos, a sua resposta afectiva e (in)sensibilidade estética.

Adorno defende que os “mass media”, com a sua tecnologia e faculdade de duplicação, cópia, imagem, a parte, se tornaram equivalentes ao todo, a realidade da vida orgânica e original, de tal forma eficaz que se transformaram eles próprios numa realidade - virtual. Com a sua centralidade e penetração na vida doméstica, capacidade de invasão e infiltração na vida familiar, é um sub-sistema, cúmplice do sistema capitalista, que ingressa, domina e coloniza a vida do dia-a-dia.

Com o fetichismo cultural por um lado, e a naturalização tecnológica, por outro, a indústria cultural impõe-se modelizando, estandardizando, padronizando, homogeneizando, coerciva e deliberadamente. Com a informação, entretenimento e publicidade diluídas, ela vigia, policia, controla e promove, ao mesmo tempo, alívio – para a própria violência estrutural sistemática das partes não identificadas e integradas no todo, assim, restrito e limitado.

Theodor Adorno sustenta que a cultura que privilegia a gratificação sensorial imediata, mercantilizada, provoca “cegueira”, adormecimento, resignação, condescendência, infantilização, regressão instintiva e dependência irracional, como se de uma chupeta electrónica se tratasse. Alienado, de si próprio, dos outros seres e da vida, o consumidor abusa dos novos meios electrónicos, cujo véu não se apercebe, removendo a vida - o todo, a realidade, a “lifeworld” - fazendo-a substituir-se por pseudo-acontecimentos (uma antecipação da proposta de Boorstin) - a parte, a cópia, o sistema mediatizado e planeado, que confunde com a expressão, comunicação e solidariedade que efectivamente almeja.

No caso da televisão, para a qual a indústria concorreu, os efeitos são ainda mais sofisticados. Com a imagem a actuar directamente sobre o espectador, a televisão banal – materialização do calculismo racional - é capaz de instalar complexos no inconsciente da audiência, ao contrário do psicanalista, para degradar a sua auto-imagem, iludi-lo e torná-lo mais condescendente. Os meios de comunicação de massa têm a capacidade de estimular traços da personalidade (o homem viril, a mulher submissa) e amputar outros (a representação de intelectuais de forma enfeminada, a estigmatização da mulher assertiva).

Através das séries, Adorno notou que é difundida a ideia de que é inútil, indesejável, impensável, irreal ou impossível desafiar o “status quo” e é nesse contexto que o riso das “sitcoms” aparece como alívio para a violência estrutural do sistema, que oprime e escraviza, ao contrário da auto-propaganda que difunde a ideia de liberdade, democraticidade e tolerância.

É a indústria que delibera as “escolhas” e “decisões” dos espectadores e trata de eliminar qualquer ameaça ao estabelecido através de doses homeopáticas que, assim, a absorvem e neutralizam, expondo e escondendo, ao mesmo tempo, a lógica conservadora, violenta e mercantilista capitalista, bem diferente da novidade, também ela falsa e aparente que publicita repetidamente.

Parte de toda uma estrutura que é ela própria ideológica, a dominação cultural provocada pela indústria que organiza os tempos livres, consolidada através da razão impura, faz-se sentir no âmbito da auto-identidade, do trabalho e da Natureza, incluindo a humana, nomeadamente através da ciência e tecnologia. Um falso abstracto e consonância, caso do “frinchising” ou “fast food”, de nível incomparável às sociedade pré-tecn(ológ)icas, em que, desde o Tempo Primordial, o mito respondia ao desconhecido, numa dialéctica que envolvia objecto e sujeito.

A disseminação da faculdade intelectual da mente humana, como meio, dissolveu o potencial Iluminista de uma Razão genuína que permita a autonomia, liberdade, verdade e desenvolvimento humano. A perseguição do lucro capitalista e o calculismo mediático restringiram a independência do indivíduo e retiraram o pensamento e a cultura da sua livre expressão, bloqueando-a.

A televisão banal e reprodutiva, tem servido os interesses capitalistas, que preserva através do abuso da razão embrutecida. A colonização da vida pelo sub-sistema mediático tem vindo a oprimir ao contrário da libertação defendida pelo Iluminismo, manifestada através da Revolução Francesa, da Constituição Americana e da Revolução Industrial. Por isso Adorno afirma que a evolução tem sido mais através da dialéctica do que de forma linear, da barbaridade para a humanidade.

A indústria cultural mediática identificou e homogeneizou o pensamento. O sistema de signos fornece segurança e estabilidade ao Ser Humano mas priva-o da verdadeira experiência, essência e compreensão da vida, onde se move, conduzindo-o para um universo sedutor mas perigoso da simulação se transformar em simulacro, multiplicando-se em curto-circuito e já sem sentido algum.

O espectáculo deixou de estar definido (na distracção e divertimento) para se tornar difuso – um conceito que antecipou a “sociedade de espectáculo” de Debord -, um sistema panóptico agressivo e regressivo, facilitado pelo excessivo poder, fascinação e crença na tecnologia. Eis o risco dos meios tecnológicos se tornarem fins e se dissolverem no capital de uma sociedade de controlo ubíquo caso se percam os princípios apriorísticos da Razão Pura.

* TAYLOR, Paul; HARRIS, Jan – Critical Theories of Mass Media: Then en Now Maidenhead. Open University Press. 2008. P.62-84.

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sábado, 23 de junho de 2012

Rádio Clube de Moçambique II


O Centro Emissor da Matola

Nesta segunda parte, apresentamos a(s horas de) programação na sede do RCM, na capital, bem como a local, nos Emissores Regionais que se vão instalando: Nampula, Quelimane, Cabo Delgado, Dondo, Tete, Vila Cabral, Inhambane.

Texto Dina Cristo


Se em 1963 a emissão abre às 6h 30m (7h 30m no Domingo) e fecha às 23h 05m, com interrupção de hora e meia ao início da tarde, durante a semana, transmite quatro serviços de notícias, entre 10 a 15 minutos, dez anos mais tarde o programa principal inicia-se às 5h 56m e segue, ininterruptamente, até às 0h 10m, com nove noticiários, dois dos quais de meia hora.

Em termos globais, tendo em conta o plano de cobertura de rede em Moçambique, que se vai implementando, ao longo do período em estudo, há um progressivo aumento do número de horas de emissão. Se estas, em 1960, não atingem as dez mil horas, em 1972 ultrapassam as 60 mil.

As extensões das emissões vão aumentando também em função dos novos programas que, entretanto, vão sendo criados, ao longo da década de 60, nomeadamente o C e o D, totalizando quatro desdobramentos, com diferentes horários e cumprimentos de onda.

O programa A, em língua portuguesa, comercial, é o mais importante e propício aos programas ao vivo. Em 1968 é constituído 47,1% por canções e música ligeira, num ano que conta com 11,1% de noticiários e reportagens e 8,5% de publicidade. Em 1970 colabora regularmente com estações de Angola, Cabo Verde, Guiné, São Tomé, Macau e Timor, que transmitem gravações de algumas rubricas vivas.

O programa B, em língua africânder e inglesa, comercial, com dezoito horas de emissão, desde 1963, é transmitido em 24h diárias, desde o dia 1 de Março de 1964. Em 1968 integra 6.866 h de canções e música ligeira e 1.115 h de publicidade.

O programa C, em língua portuguesa, de carácter artístico e cultural, não comercial (sem publicidade), iniciado a 15 de Dezembro de 1962, é emitido através não só da Onda Média (OM) mas também da Onda Curta (OC) e Modulação de Frequência (FM), sendo captado na Metrópole. É composto essencialmente por música coral, de câmara, instrumental, ópera, canções, com destaque para a sinfónica. De acordo com o relatório de 1967 , 10% são programas falados, 4,2% noticiários e 2,6% teatro e contos; em 1968 tem 140h de ópera e 506h de música sinfónica, sendo transmitido em alta fidelidade e estereofonia.

O programa D cobre sobretudo a capital, num raio de cerca de 70 km durante o dia (um pouco mais à noite), durante nove horas, de acordo com o relatório referente ao exercício do mesmo ano, em que predomina a música ligeira e as canções, com 1960 h de emissão. A estação, no ar desde 2 de Janeiro de 1968, é criada com fins comerciais, para aumentar as receitas, aliviar a publicidade do programa A e melhorar a produção das agências publicitárias concorrentes.

Entre a programação, há teatro, folhetins, diálogos, programas infantis (como o “Teu programa”, de Maria Helena Jardim, iniciado em 1961, com rubricas à descoberta de valores no âmbito da poesia e da pintura) - crónicas, nomeadamente internacionais, palestras, como “Cinco minutos de espiritualidade” (proferida pelo Arcebispo de Lourenço Marques, D. Custódio Alvim Pereira, por exemplo sobre a visita do Papa Paulo VI a Fátima ou o Concílio Vaticano II ) e discos pedidos, que em 1957 recebem quase 28 mil solicitações. Em 1958, «Devido à afluência de senhas, só nos é permitido atender, 120 dentre todas recebidas, escolhidas por sorteio».

Figuras e factos da história de Moçambique, sublinhando a presença portuguesa também são motivo de atenção, como em “Terras de Portugal”, no ar desde 3 de Abril de 1963, no programa A: «Costumes. Artesanato. Folclore. Vindimas do Douro e lendas de Macau. Praias do Algarve e encantos da Madeira. Festas minhotas e mornas de Cabo Verde. S. João no Porto e povos de Angola. Moinhos metropolitanos e relíquias históricas da Ilha de Moçambique. Última Nata de Goa».

Alguns programas são assegurados por várias produtoras independentes, entre as quais as Produções Elmo (programa Tic-Tac), Produções Somar e Produções Golo (passatempos e relatos de futebol), que representam, em Moçambique, os parodiantes de Lisboa.

Igualmente a informação, jornais falados e reportagens, são presença constante, com o auxílio da Agência France Press, recebida desde 1963. O “Jornal de actualidades”, uma vez por semana, começa em 1958. Em 1968, no “Jornal da noite” abordam-se temas como a agricultura (os cereais), a indústria, os transportes e comunicações (como os caminhos de ferro). Dois anos mais tarde, para além do seu editorial próprio, “Nota do dia”, na rubrica “Volta ao mundo”, presta igualmente informações ligadas à arte, à ciência, ao cinema, à educação, à literatura, à medicina, à política, à sociologia, à tecnologia, ao trânsito e ao turismo.

As reportagens acompanham habitualmente os membros do Governo Central, o Governador-Geral ou Secretários Provinciais. Depois da visita do Presidente da República, Almirante Américo Tomás, em Julho de 1964, é a vez, em 1969, da cobertura da visita do Presidente do Conselho, Marcello Caetano, a Moçambique e das visitas de Baltazar Rebello de Souza às principais regiões do território, transmitindo directamente «(…) não só os actos oficiais como as manifestações populares (…)».

Em 1971 há 572h 45m dedicados aos noticiários e às reportagens, como a transmissão directa de todos os discursos pronunciados pelo Presidente da República, vários ministros, nomeadamente o do Ultramar, e outras individualidades (como o Presidente Banda do Malawi), o concurso Eurovisão da Canção, concertos e colóquios. Também são cobertos os grandes acontecimentos mundiais. No caso da alunagem, a cobertura, directa, teve 30 h de reportagem permanente, desde as 19h 30m do dia 20 de Julho de 1969 até às 7h 30 m do dia 21 abrangendo a retransmissão de reportagens de três origens diferentes, nas quais se inclui o serviço da EN.

Após a guerra em Angola, passa a haver programas de variedades e informativos. O “Jornal das Forças Armadas”, iniciado no dia 7 de Março de 1963, dedicado aos soldados, marinheiros e aviadores, produzido por Fernando Rebelo, responsável pela locução com Lisete Lopes, visa a recreação. O programa divulga biografias de heróis nacionais, como Sacadura Cabral, informações sobre os combates, correspondência, nomeadamente das madrinhas de guerra, que dão amparo moral, faz concursos e transmite poemas escritos e discos pedidos pelos militares. Magalhães Monteiro, enviado especial a Angola no início do conflito, sublinha a ideia de que um soldado indígena morto é mais um herói português tombado.

Emissores regionais

Ao nível da programação local, os centros emissores são estações que servem «(…) pequenos núcleos de população civilizada e grandes áreas povoadas por população não civilizada», estão aptos a retransmitir as emissões provenientes da capital, onde são preparadas, assegurando a cobertura do país, com a radiodifusão de um programa único. Os desdobramentos fazem-se num trabalho em cadeia, cooperativo, com a sede e para cujo custeamento foi criada uma taxa de radiodifusão. No caso do ER de Cabo Delgado os encargos são suportados pelos subsídios do Governo do Distrito, das Comissões Municipais, pelas circunscrições, pela publicidade e por pequenas receitas, como donativos.

O Emissor Regional do Norte, em Nampula, é inaugurado a 19 de Novembro de 1953. Em 1968, Pires Teixeira, escreve: «Os grandes dias da portugalidade, os grandes momentos de exaltação lusíada, as grandes manifestações de fé, assinalaram sempre, sem uma falha, a presença inestimável do Emissor, pundonoroso no cumprimento das suas obrigações e no respeito pelas suas imensas responsabilidades».

A 3 de Setembro de 1958 é inaugurado o Emissora da Zambézia, em Quelimane. O de Porto Amélia, em Cabo Delgado, no valor de 800 contos, é estreado a 20 de Abril de 1960.

Em Outubro de 1970 tem início o Centro Emissor do Dondo, que, em 1971, emite mais de sete mil horas. A 29 de Outubro de 1972, embora em instalações temporárias, é inaugurado o ER de Tete, uma cerimónia com a presença, além da Direcção do RCM, do Ministro do Ultramar, Silva Cunha, do Governador-Geral, Pimentel dos Santos, do Comandante-Chefe das Forças Armadas, Kaulza de Arriaga e dos Secretários Provinciais de Comunicações e Obras Públicas.

No mesmo ano, a 12 de Dezembro de 1972, é inaugurado o ER de Vila Cabral, no distrito de Niassa. Fazem parte da comitiva, o Secretário Provincial das Comunicações, Vilar Queirós, da Educação, Marques e Almeida, de Emprego, Wanonn Pinto e o director dos CTT, Armindo Fontes, instituição que os supervisionava. Além do Delegado Gerente, fazem parte dos quadros do pessoal, cinco locutores, cinco técnicos e uma secretária, instalados numa casa pré-fabricada. Nos dois últimos (Tete e Vila Cabral) são instalados emissores de 5 kw de OM e antenas concebidas e fabricadas no RCM.

Antes de terminar o ano de 1973, em 23 de Novembro, é inaugurado o ER de Inhambane. O Governador-Geral faz-se representar pelo Secretário Provincial das Comunicações que, por sua vez, põe no ar o emissor por intermédio da esposa do Governador do Distrito. Apesar da sua crise financeira e dos encargos que representa, o RCM decide antecipar os planos para a cadeia de emissores, com mais um elo, cooperando com a nação num momento crucial: «Esta magnífica instituição, integrando-se perfeitamente dentro das preocupações do Governo de Moçambique, não hesitou em alterar estruturalmente os seus planos para seguir aquilo que o Governo estabeleceu como primeira prioridade», profere o Secretário Provincial das Comunicações, Vilar Queiróz, durante as cerimónias.

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quarta-feira, 20 de junho de 2012

Cinema irreal?



A obra cinematográfica de António de Macedo vai ser projectada na Cinemateca. Desde Sexta-Feira até Julho pode ser apreciada, em Lisboa, uma sétima arte (sobre o) invisível, longamente censurada, num ciclo que é uma homenagem ao realizador, mas também escritor e investigador, octogenário.

Texto Dina Cristo

“O princípio da sabedoria”, uma incursão nos domínios do sobrenatural, é a primeira película a ser exibida, na inauguração do ciclo, dia 25 às 21h 30m - repetida às 22h de Segunda-Feira - e que conta com a presença de António de Macedo nesta retrospectiva que lhe é dedicada. «Incluindo longas e curtas-metragens, obras conhecidas e títulos mais raros, os filmes serão em grande parte apresentados em novas cópias tiradas no laboratório da Cinemateca», lê-se no boletim de Junho da Cinemateca Portuguesa (CP).

Seguindo uma perspectiva cronológica, dia 25 será mostrado, às 19h, o filme “Domingo à tarde”, a sua primeira longa-metragem, produzida por António da Cunha Telles e realizada no contexto do Cinema Novo Português dos anos 60; o filme é baseado no romance de Fernando Namora e foi selecionado para a secção competitiva do Festival de Veneza de 1965, onde foi visto numa versão não censurada; pode ser revisto dia 28, Quinta-Feira às 19h 30m.

A segunda longa-metragem, “Sete balas para selma”, em que o autor assina não só a realização mas também os argumentos, diálogos, planificação e montagem, pode ser vista dia 26, Terça-Feira, às 21h 30m (e revista dia 29, Sexta-Feira, às 22h).

“Nojo aos cães”, o terceiro filme de longa duração, produzido pelo próprio realizador com base em premissas do cinema directo, segue uma manifestação de estudantes que termina com a intervenção da polícia política. Proibido em Portugal, é exibido em 1970 nos festivais de Bérgamo e de Benalmadena, onde recebe o prémio da Federação Internacional de Cineclubes.

O dia 28, Quinta-Feira, a partir das 21h 30m é dedicado às curtas e médias metragens: o “Cine-riso – Almanaque dos Parodiantes de Lisboa e “A revelação”, ambos de 1969, “A primeira mensagem”, a preto e branco e sem som, e “A bicha de sete cabeças”, uma variação de um conto tradicional português. São quatro fitas entre as cerca de 50 que o cineasta concretizou.

Sexta-Feira, dia 29, é a vez da exibição, às 19h, de “A promessa”, o primeiro filme português oficialmente selecionado para o Festival de Cannes; conta a história de «um jovem casal de uma aldeia de pescadores profundamente religiosos que não consuma a sua união em cumprimento de um voto de castidade», sintetiza a CP.

Obra fantástica

O ciclo coincide com a celebração dos 81 anos de um cineasta marcado pela criatividade: «Marca de água de toda a sua obra, cruzada por diversas influências e interesses, persistentemente apostada na experimentação das possibilidades visuais e sonoras no cinema (tanto nas curtas como nas longas-metragens, nas obras e ficção, documentais, institucionais e em filmes publicitários), essa originalidade revestiu-se, por outro lado, de uma dimensão polémica, em alguns casos feroz, que foi pontuando a receção dos seus filmes (…)» a partir de 1967, como explica a Cinemateca Portuguesa (CP).

A liberdade e a capacidade de materializar (o imperceptível) são também marcas da obra do autor: «A produtividade dos anos sessenta estendeu-se à década seguinte, que Macedo atravessou desafiando os imperativos da censura, antes de 1974 (depois de em 1970 ser um dos fundadores do Centro Português de Cinema, foi em 1974 que cofundou a cooperativa Cinequanon onde desenvolve a atividade de cineasta nos vinte anos seguintes), e dos cânones estabelecidos, estendendo as linhas mestras do seu cinema às questões sociais e políticas numa vertente documental. A dimensão fantástica, o imaginário popular e os elementos esotéricos dominam os filmes posteriores na convicção de que “a realidade é mais subtil do que aquilo que a gente vê. As incursões esotéricas que faço são tentativas de penetrar no universo real. Aliás pode dizer-se que o meu fantástico é mais real do que o real», refere (n)a brochura do Museu do Cinema.

A capacidade de adaptação à mudança está espelhada na sua caminhada ao longo da vida: «Arquiteto de formação, cineasta por vocação, mas também compositor, escritor e ensaísta, docente, António de Macedo é um protagonista singular do cinema português cujo panorama marcou entre os anos sessenta da sua estreia no contexto do Cinema Novo, época em que a sua obra é especialmente prolífera, e os anos noventa em que infletiu de percurso, passando a dedicar-se mais ativamente aos estudos e ensino universitário nas áreas das religiões comparadas, das tradições esotéricas, das formas literárias e fílmicas ou da sociologia da cultura, em que se doutorou em 2010» indica a mesma fonte do arquivo nacional de cinema.

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quarta-feira, 13 de junho de 2012

Feira de livros



Texto e fotografia Dina Cristo

O Centro Lusitano de Unificação Cultural (CLUC) vai promover, entre os dias 22 e 26 deste mês, uma feira do livro, em Lisboa, na sua Livraria Síntese. Durante cinco dias, o primeiro andar do número quatro da Rua Pascoal de Melo, na capital, vai estar aberto ao público à tarde, entre as 13h 30m e as 19h 30m (na Terça-Feira entre as 12h 30m e as 17h 30m), com descontos entre 20% a 80% sobre um conjunto de livros habitualmente à venda na loja, de autores como Fernando Pessoa, Platão ou Guerra Junqueiro.
O CLUC, uma instituição sem fins lucrativos, legalmente nascida em Fevereiro de 1988, e com delegações em vários países, iniciou a sua actividade editorial a 20 de Abril de 1988 - onde se inclui a revista “Biosofia”, no seu 14º ano de actividade, vencedora do Iº Prémio de Informação Solidária, em 2009, promovido pelo "Aqui & Agora" - e possui hoje mais de três dezenas de edições próprias, entre as quais “A essência da arte” ou “A missão de Portugal”, dois livros aqui abordados.
O Centro promove diversos cursos e seminários. O próximo, a começar em Setembro, uma parceria que envolve o Presidente da Direcção, José Manuel Anacleto, um dos professores, será o segundo ano de “Espiritualidade no mundo”, a decorrer no Espaço Salitre-Espiral, em Lisboa. Os estudos, em que também participa Paulo Borges, entre outros docentes, visam uma abordagem equitativa de todas as tradições religiosas, espirituais e filosóficas do mundo, envolvendo o âmbito histórico e linguístico, têm previsto quer a frequência em regime livre quer à distância.

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segunda-feira, 11 de junho de 2012

Provérbios



Pela quinta vez, antecipamos os dias mais luminosos e calorosos. Desta feita, com alguns ditados populares portugueses.

Selecção e fotografia Dina Cristo


«Roma e Pavia não se fizeram num dia»

«Zangam-se as comadres descobrem-se as verdades»

«Casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão»

«Para grandes males, grandes remédios»

«Comer e coçar o pior é começar»

«Não há bem que sempre dure nem mal que nunca acabe»

«Pela boca morre o peixe»

«Quem muito escolhe pouco acerta»

«Filho de peixe sabe nadar»

«Águas passadas não movem moinhos»

«Quem vai ao mar perde o lugar»

«Quem vê caras não vê corações»

«Não se é bom juiz em causa própria»

«Depois da casa roubada trancas à porta»

«Quem espera desespera»

«Quem casa não pensa e quem pensa não casa»

«O que arde cura»

«Quem anda à chuva molha-se»

«Quem nasce torto, tarde ou nunca se endireita»

«Aumentam os anos, crescem os desenganos»

«Água mole em pedra dura tanto bate até que fura»

«Abril, águas mil»

«Quem corre por gosto não (se) cansa»

«Deus escreve certo por linhas tortas»

«Quem não aparece, esquece»

«Quem boa ou má cama fizer, tarde ou cedo nela se deitará»

«Março Marçagão, de manhã Inverno à tarde Verão»

«Quando a esmola é grande o pobre desconfia»

«Quem semeia ventos colhe tempestades»

«Gato escaldado de água fria tem medo»

«Quem não arrisca não petisca»

«Quem não se sente não é filho de boa gente»

«Quem tudo quer tudo perde»

«Quem desdenha quer comprar»

«Não é com vinagre que se apanham moscas»

«Mais depressa se apanha um mentiroso do que um coxo»

«O prometido é devido»

«Mais vale uma dor do que um cento»

«Há sempre um testo para uma panela»

«Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje»

«Viver não custa, custa é saber viver»

«Quem feio ama bonito lhe parece»

«Quem não tem dinheiro não tem vícios»

«Mais vale cair em Graça do que ser engraçado»

«Cá se fazem, cá se pagam»

«Mais vale estar só do que mal acompanhado»

«Mais vale tarde do que nunca»

«O último a rir é quem ri melhor»

"Guarda o que comer, não o que fazer"

"Mais vale prevenir do que remediar"

"Em casa de ferreiro, espeto de pau"

"Deitar cedo e cedo erguer dá
saúde e faz crescer"


"Devagar se vai ao longe".

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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Vida portuguesa

Antes do Dia de Portugal, de Camões e das comunidades portuguesas, evocamos a nação através de alguns dos seus lugares, monumentos ou paisagens.

Fotografia Dina Cristo








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