quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Sida no "Público"


Na véspera do Dia Mundial de Luta Contra a Sida olhamos para a sua cobertura no jornal "Público" no início da década de noventa.

Texto e fotografia Dina Cristo

A problemática HIV/Sida em Portugal – no jornal “Público”, durante o terceiro quadrimestre de 1992 – foi assunto noticiável essencialmente em três casos: quando envolveu figuras públicas, houve descobertas científicas relativamente ao vírus e dados estatísticos sobre o aumento do número de casos. A política governamental e o interesse humano são, no entanto, vertentes que adquirem, em conteúdo secundário, maior noticiabilidade.

O factor proximidade, geográfica e sócio-economicamente, reflecte-se no número de notícias publicadas. Assim, o continente europeu é responsável por quase metade da matéria publicada, seguido pela América do Norte (com 37,1%).

Os EUA são o pais de origem das notícias e principal Estado nelas focado com maior representatividade (cerca de 36%), logo seguido de Portugal. Os países africanos e a China, mais fortemente atingidos pela doença, não alcançam todos juntos os dois dígitos.

O peso das notícias internacionais é superior ao ocupado pelas novidades portuguesas. O número de notícias publicadas na secção nacional é metade das suas congéneres impressas no internacional. Além deste facto, verifica-se um número elevado de matérias de índole internacional em secções como a sociedade, a ciência e a cultura – as dominantes no período estudado.

A agência internacional tem cerca de 10 vezes mais presença como fonte jornalística do que a nacional, Lusa.

As informações internacionais, disputadas entre referências à Sida – ocasionais, num discurso sobre outra notícia, dados sobre a evolução da epidemia, novas descobertas e figuras públicas são, na sua esmagadora maioria, de carácter extra-nacional, desde a patologia de Magic Jonhson à paternidade do vírus.

Como a percentagem da variável “foco” comprova, há 71,1% de informação internacional sem envolvimento do poder político português. Nas restantes nacionais a maior fatia pertence ao item nacional sem envolvimento (17,9%).

A importância atribuída pela cobertura jornalística ao vírus é modesta. No próprio Dia Mundial da Sida, é publicada uma única breve, na secção de cultura, de um parágrafo (sobre uma campanha de fundos promovida pela Associação de Apoio aos Doentes de Sida).

Mais de 90% dos trabalhos analisados integravam a página interior, quase 30% pertenciam ao género “breve”, mais de 40% detinham esse tamanho e mais de 30% possuíam menos de 10 parágrafos. Em termos icónicos, 60,2% não possuíam imagem e das cerca de 40% com fotografia, nem sempre coincidia com o tema.

Durante os meses de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro de 1992, no “Público”, constatou-se uma apetência da classe jornalística pela problemática sempre que ocorreu um acontecimento específico. Esta reacção verificou-se, sobretudo, na elevada percentagem de acontecimentos específicos (92,3%), passíveis de limitação, no tempo e no espaço, não disruptivos, previamente marcados e esperados (94,8%) bem como os eventos de rotina, agendadados (também 74 notícias).

Os principais actores foram liderados pela categoria “seropositivos/doente” e pela dimensão “médico-científico”, ambos com cerca de 20% do total. Ao nível secundário destacam-se o Governo, seguido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e Agência Governamental, com duas notícias cada.

No período estudado são mais de 80% as notícias reunidas em “Outros”, sobressaindo, no entanto, a homossexualidade com 7,6%. Idêntica questão se levanta ao nível da variável “promotor”, onde só as Organizações Não Governamentais e os “media” ultrapassam os dois dígitos, com 11,5%.

Acontecimentos prioritários
A cobertura é “event-oriented”. Os artigos jornalísticos, ali publicados durante os quatro meses, são suscitados por novas informações, sejam elas a nível científico, numérico – situando os leitores quanto ao avanço da epidemia – ou envolva figuras públicas, como Magic Johnson, Anthony Perkins ou Rudolfo Nureyev.

A Sida não se apresenta como uma “issue-oriented”. Não existem reportagens sobre os “comos” e “porquês” do vírus e da doença. As duas excepções – os números da OMS e o estado de Nureyev – são insignificantes.

A percentagem de notícias específicas, não disruptivas e de rotina é superior a 90%. No período em análise, os jornalistas do “Público” noticiam a sida na sua vertente informativa, no sentido de dar a conhecer a última novidade. Enquanto assunto, como problemática, envolvendo a sociedade civil, médica, religiosa, económica e outras, é destituída de interesse.

Assim, parece mais relevante para a comunidade jornalística responsável pelas 78 notícias produzidas, informar o público português  acerca do aumento do número de casos num país estrangeiro do que analisar as mais diversas vertentes da doença em Portugal.

* Escrito em 1993.

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quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Saber amar-se


Nasce da auto-consciência e conduz-nos até à confiança. É a auto-estima, o milagre da aceitação, a âncora segura nos momentos difíceis.





Texto e desenho* Dina Cristo



No livro “Goste de si”(1), Luís Martins Simões afirma que a falta de amor é a origem de todos os sintomas. É sabido que só depois de alguém ser capaz de se amar a si próprio é capaz de amar os outros. Enquanto gostar é um sentimento positivo e doce em relação às forças de alguém, o seu lado solar, amar “é olhar para o outro e aceitá-lo como ele é, nas suas fragilidades e nas suas forças”, ou seja, “amar é não julgar”, é aceitar-se a si mesmo e aos outros, só possível com auto-estima. Bem diferente é o narcisismo que é gostar apenas do nosso lado mais brilhante.

A auto-estima é amar, aceitar as nossas forças como as nossas fragilidades, o nosso lado lunar, aquilo de que não gostamos (em nós e nos outros), como se fora uma planta daninha. “Ter auto-estima é aceitar-se no caminho da evolução e não procurar a perfeição”, afirma o autor; enquanto o critério perfeccionista culpa pelo passado, no evolucionista há uma superação contínua e voluntária.

Ter auto-estima é fazer as coisas de acordo com os nossos valores, aquilo em que cremos ser verdade, (dever) ser bom e melhor para nós. É, portanto, decidir por nós próprios e para nós, de acordo com aquilo em que acreditamos e pelo sentimento que temos e não em função do que os outros irão pensar ou mesmo sentir. É viver e não ser vivido pelos outros. É fazer um balanço e decidir pelo que será mais agradável para nós, é sermos fiéis à nossa essência e individualidade. É decidir livre, voluntária e autonomamente: “Só devemos fazer o que achamos que é bom para nós. O que é pensado por nós e não inculcado pelos outros”. É descobrir aquilo que faz sentido para nós. É realizarmos e vivermos o nosso próprio filme. Só a nós temos de prestar contas.

É ser livre, é estar desapegado, é ser independente e desfrutar; é ter como pressuposto que a liberdade dos outros acaba onde começa a nossa; é ter o canal limpo, permitindo a fluidez, ou seja, receber coisas e pessoas boas. O apego vem da falta de amor, da carência, que provoca o medo de perder o amor do outro, o que nos torna dependentes, escravizados e stressados, a proteger as “nossas” coisas e pessoas; tal torna-se posse e adultera a nossa liberdade: pedinchamos que gostem de nós, que nos aprovem.

O amor por nós próprios, diz o autor, é também, o princípio de tudo. Há que tratar, primeiro, de nós e pode começar-se pelo auto-perdão. Se não perdoarmos, estamos a resistir, focalizamos e as fragilidades crescem; pelo contrário, se as aceitamos, como os sentimentos infelizes que nos magoam, elas “desaparecem”, diminuem. Há, assim, que aceitar a tristeza, o conflito, a morte, o desequilíbrio, o medo, por um lado, e saber desfrutar os sentimentos felizes, por outro. Há, enfim, que amar o que pensamos e sentimos.

A humildade é amar-se integralmente, é reconhecer-se que se está a evoluir ao seu próprio ritmo e não reclamar a perfeição. “Ser humilde é decidir seguir um caminho sem o querer impor aos outros”. Implica, por isso, respeito pela autoridade, que é a habilidade de se fazer crescer a si mesmo. Um autor com autoridade, por exemplo, produz por amor. Quem tem pouca autoridade esconde-se atrás do poder.

A auto-estima é o princípio de tudo. A falta de amor próprio, o fim. Entretanto, o sexo compensa a falta de amor e, avisa o autor, há quem continue a comer malaguetas mesmo depois de saber que não são bombons.


Vera Faria Leal, no seu livrinho(2), explica  que a auto-estima é ter direito a escolher e preferir o melhor para nós (viver a nossa melhor versão), ser a nossa prioridade (o protagonista do nosso filme) e íntimos de nós mesmos, cuidar e estar disponíveis para nós próprios. É estar inteiro, consciente e (atento ao) presente, celebrar o aqui e agora, entregar à vida, investir nela, desfrutá-la e vivê-la intensamente, dar o nosso melhor, escutar os sinais exteriores, ser receptivo à mudança e aceitar os (re)fluxos.

Para nos estimarmos há que não ter medo de errar, aprender com os erros, corrigir os necessários; há que nos aceitar, agradecer, perdoar, aprovar, respeitar, confiar, honrar e sermos nós mesmos. A auto-estima passa por ser assertivo, expressar o que se pensa/sente, dizer “não” (quando todo o nosso ser o diz), pedir, ceder, partilhar, ter pensamentos e ideias positivas (de gratidão e confiança) e valorizar os bons acontecimentos.

Para desenvolver a auto-estima, há que silenciar, meditar, respirar fundo, relaxar, equilibrar a actividade e o repouso, não adiar as actividades, gostar do que fazemos, exercitar e escutar o nosso corpo e, por fim, cultivar o humor, os nossos projectos… os sonhos.

* Anos 70
(1) SIMÕES, Luís Martins - Goste de si, Ed. Pergaminho, 7ª impressão, 2005. (2) LEAL, Vera Faria - Livrinho da auto-estima, Arteplural, 2006.

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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Rádiotelefonia de sessenta VI


Nesta sexta parte abordamos a censura, na informação e programação.

Texto e fotografia Dina Cristo


Com o início da guerra em África, a censura passou a alargar-se ao noticiário internacional. Contudo, na rádio, e mais particularmente, na EN, a própria estrutura organizativa da emissora era o garante de uma filosofia e prática censória. “É notória a proximidade e dependência da Emissora Nacional em relação às mais altas instâncias do regime. A intervenção das entidades oficiais na EN opera-se directamente, através da reunião, do telefonema, da carta pessoal ao presidente da Estação, do despacho”1. Além da existência na redacção de um telefone directo à censura, a selecção da cadeia hierárquica era controlada pelo nível de adesão ao poder.

O Governo exercia uma interferência de forma mais ou menos explícita, através da nomeação, além do seu presidente (da sua inteira confiança) e dos directores de serviço, do presidente do conselho de programas e de um mais apertado controlo e fiscalização sobre a programação2. De acordo com o regulamento da Emissora Nacional de Radiodifusão, publicado em 1966, era requisito essencial para admissão aos concursos “estar integrado na ordem social e constitucional vigente, com activo repúdio do comunismo e de todas as ideias subversivas”3.

A rádio oficial estava, assim, dominada internamente e à partida, o que permitia utilizá-la de forma mais ofensiva e propagandística do que a imprensa, sobre a qual era necessário um maior controlo externo desencadeando comparativamente, por parte do regime, uma atitude mais defensiva4.

Programação

A “Rádio Mocidade” foi um programa representativo da absorção ideológica do regime, através da EN. As suas emissões semanais, produzidas pelo Comissariado Nacional da MP, eram constituídas por “(…) uma nota sobre os ideais ou sobre os motivos que levaram a criar a organização, em que se dá a conhecer a cada um o que é e o que vale a Mocidade Portuguesa; em episódio radiofónico, narrando um facto histórico, uma data, contando uma biografia, citando um personagem ilustre ou, simplesmente, transportando a diálogo um facto ocorrido num acampamento e em outra actividade de rapazes; um “placard” de noticiário, em que se leva ao conhecimento do dirigente e do filiado uma resenha dos factos ocorridos dentro da Organização durante uma semana; por último, a encerrar o programa, um comentário sobre uma actividade ou sobre uma notícia, escrito e dito, normalmente, por um jornalista”5.

De notar a inovação ao introduzir-se dois conceitos fundamentais para a produção informativa. O termo jornalista, e já não redactor ou repórter, e o facto de este profissional da informação fazer ambas as tarefas: escrever o texto e depois dizê-lo ao micro. O facto de ser empregue a expressão falar ao microfone em vez de ler um papel testemunha a actualização juvenil relativamente à especificidade da linguagem radiofónica. As fontes radiofónicas eram maioritariamente oficiais, com utilização regular de comunicados, e a imprensa, já filtrada, restando incólumes temas como a vida artística e desportiva.

A equipa de “A voz dos ridículos”, programa criado em 1945, era forçada a apresentar sistematicamente os seus textos aos serviços de censura, antes de irem para o ar. Os cortes, então produzidos, provocavam, por vezes, a reelaboração do programa (parcial ou integralmente) em algumas horas e só a relação mais ou menos empática estabelecida com o censor podia acelerar o processo burocrático6.

No entanto, ao longo dos anos, a equipa trabalhou no sentido de ocultar quer as palavras quer as intenções à censura, como se tratasse de um jogo do gato e do rato. “Havia uma data de ejaculações cerebrais ali com o lápis azul na mão. Era uma vingançazinha. Não interessava o que é que [a censura] cortava e muitas vezes até cortava coisas só para dizer que estava lá”7.

Havia, contudo, formas mais ou menos elaboradas de ultrapassar o sistema censório, constituído por homens sem qualquer sensibilização radiofónica, que deixavam passar textos escritos que, depois de ditos ao microfone, ganhavam um novo significado e alteravam o sentido.

A equipa, explorando tal deficiência, utilizava palavras alternativas, cujo sentido advinha da sua sonoridade, muito mais do que da sua grafia, passando assim ao crivo do lápis azul expressões como “estava o sol a dar” ou “era só azar”. A mesma diferença se notava, por vezes, nos ensaios assistidos pelo censor. Antes da sua presença eram dadas instruções para que os textos fossem interpretados quase sem inflexões. Depois, ao microfone, a mesma voz adquiria uma entoação forte e quase irreconhecível.

Censura

Para as emissões que escapavam à auto-censura e à censura prévia, existia ainda outro tipo, efectuado “a posteriori”, pelo qual foi atingido o programa “Diário do ar” (1959-1963), suspenso porque “insistiu em transmitir espontaneamente estribilhos patrióticos acerca de Angola (…) a Rádio Renascença fez-lhe saber, sempre telefonicamente, e sem confirmação por escrito, apesar de haver um contrato que ainda não caducou, que resolvera cessar o “Diário do Ar” a partir de hoje, 16 de Junho de 1961, pois não podia tolerar as suas “piadas”. Seguiria uma carta. Pensando tratar-se de um meio de intimidação e como à hora habitual não tivesse chegado qualquer carta, os produtores fizeram a ligação com o estúdio da Rádio Renascença para iniciar a emissão. Mas ao bater das 15 horas, a Emissora Católica Portuguesa, sem qualquer satisfação ao público, anunciou o seu programa da tarde com música, muita música e um dia memorável para os seus locutores”8.

Em 1965, durante a cerimónia de imposição de insígnias aos novos doutores, na Aula Magna da Reitoria da Universidade Clássica de Lisboa, os estudantes interromperam o discurso do reitor, que afirmava: “Pretende-se dar a esta solenidade o sentido virado ao futuro, na medida em que os actos que a integram representam sobretudo o esforço e o mérito mais nobres na universidade que garantem a continuidade da vida da instituição cultural e política”.

Entretanto, o grito de liberdade dos estudantes irrompeu, em uníssono e fortemente, várias vezes. O orador ainda tentou recuperar a mensagem inicial – “Por isso, a imagem…”, mas ouviram-se, outra vez, os gritos pela liberdade e uma pergunta: “Não vais falar mais, pois não?”9. À resposta – “É lamentável a má criação”, seguiu-se, apesar do coro de assobios, a segunda tentativa de recuperar o discurso, mas os gritos de demissão prosseguiram insistentes. Contudo, não foram escutados pelos ouvintes da EN, porque nunca foi permitida tal transmissão.

Já depois do 25 de Abril, a “Rádio & Televisão” organizou uma mesa redonda sobre a rádio. “Havia coisas que só se pensavam, outras que as pessoas tinham medo de pensar e outras que só diziam ao ouvido umas das outras. Nós, que falámos para o público, precisávamos de ter todos esses cuidados e muitos outros mais. Era a repressão que se exercia sobre nós, homens da Rádio. Em especial sobre aqueles que estavam empenhados numa determinada acção informativa. Tínhamos que fazer prodígios de imaginação para dizer coisas que, por um lado, resistisse a todos os tipos de censura existentes e que, ao mesmo tempo, pudessem comunicar, através de metáforas, de imagens (as chamadas entrelinhas); falávamos de modo a que as pessoas ouvissem os nossos silêncios (…)”10, lembrou Cândido Mota.

(1) “A rádio em Portugal”, pág.88 (policopiado). (2) Dec-Lei nº 46927 de 30/03/1966. Artº28º e 36º. (3) Idem, Artº119 – 6º e 7º. (4) Op. Cit., pág.85/86. (5) R&T 30/12/1961, pág.17. (6) Entrevista a Júlio Couto. Porto. 21/07/1997. (7) Idem. (8) R&T 24/06/1961, pág.3. (9) A.H.RDP. EN 1965. AHD 2394. Faixa 50. (10) R&T 18/05/1974, pág.6.

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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Informação ensombrada


Antes do Dia Mundial da Televisão, recordamos duas entrevistas, realizadas há mais de dez anos, a Noam Chomsky, prestes a fazer anos. Duas horas de lucidez sobre a falta dela num livro* ilustrado.

Texto Dina Cristo

A propaganda controla o pensamento das massas,  os espíritos, as vontades, fabrica consentimentos, influência opiniões, comportamentos e mantém as pessoas na ignorância, como espectadores interessados (não participativos); torna-os consumidores atomizados, com sentimentos esmagados e instrumentos dóceis de produção, aprisionados em muros artificiais. Uma máquina propagandística, da qual a escola também faz parte, pois reproduz a ordem social, a sensação de impotência, o isolamento, mantém a submissão parecendo dar protecção. Quanto mais livre é a sociedade maior é a necessidade de propaganda (e mais sofisticada), daí a indústria das relações públicas; numa sociedade totalitária, em que se utiliza o medo e a força, é menos eficaz e mais transparente.

A informação é falsamente neutra, pois tem um pressuposto ideológico. A sua superficialidade impede o espírito crítico e a sua rapidez a memória. Os apresentadores são actores, assalariados de multinacionais. Além de um bem comercial, é um meio de tráfico de influências e palco de conflito de interesses. Falta a liberdade de expressão. E sem conhecimento não há pressão da opinião pública.

Hoje, impera o neoliberalismo, a transferência do poder dos cidadãos para as entidades privadas, que têm direitos e impunidades acima deles, os oligopólios, mercados controlados por um número reduzido de empresas, cujos custos e riscos são assumidos pelas empresas públicas. Os capitais deslocam-se, são especulativos; há uma desregulamentação dos mercados financeiros.

Solução? A educação popular, a mobilização, a constituição de redes na marginalidade; reflectir, pensar segundo os próprios critérios e libertar-se do pensamento oficial. Há que continuar o espírito do Iluminismo (fundamentando toda a vera autoridade, a autonomia) e dos anos 60 (direitos cívicos e pacifistas).

* ROBERT, Denis; ZARACHOWICZ, Weronika – Noam Chomsky – duas horas de lucidez. Ed. Inquérito. 2002.

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quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Aprovo-te



 Antes do Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento, amanhã, relemos um livro sobre a corrida pela aprovação dos outros. A procura excessiva de reconhecimento como atitude destrutiva, resultado de pensamentos negativos que apenas perduram pelas falsas vantagens imediatas.


Texto Dina Cristo

 

Há uma forma disfuncional de pensamento: o negativo, destrutivo, que paralisa, deprime, conduz à apatia, à insegurança, à confusão, à dor, à irresponsabilidade e à infelicidade. Manifesta-se em atitudes como dependência, submissão às convenções, procura de aprovação externa e de justiça, prisão em relação ao passado, procrastinação, culpa, preocupação e fuga em relação ao desconhecido.

Apesar de inúteis e ineficazes, estes “pensamentos-sentimentos-comportamentos” persistem pelas recompensas que trazem: (auto)desculpa, (auto)compaixão, culpa e atenção dos outros, inércia e passividade; evitam o risco da (incerteza da) mudança (e do esforço para melhorar), o (auto)confronto, a responsabilização, designadamente de pensar por si próprio - permitem retornar à segurança infantil. São sobretudo uma fuga, nomeadamente ao presente.

Tais atitudes podem ser evitadas ao decidir ser quem se é, centrar no presente e no interior, encetar novas experiências e fazer o que se gosta. O melhor é adoptar um pensamento positivo, construtivo, que flua com a acção, auto-realização (tornando real o seu potencial), esforço, alegria, responsabilidade, auto-confiança, lucidez, humor e vontade de viver; implica uma liberdade de escolha e a aceitação do aqui e agora.

Uma pessoa saudável aceita e ama-se a si própria e à vida, é natural, simples, franca, discreta, enérgica, profunda, auto-disciplinada, determinada, activa, realizada, independente, dona de si própria, despreocupada, ocupada em ser e em crescer, criativa e entusiasmada; não se lamenta, defende, zanga, impõe, bisbilhoteia, tem ídolos ou teme a má impressão junto dos outros. O indivíduo funcional valoriza a liberdade e a privacidade, sabe estar só como rir, falar, expor os seus pontos de vista, escutar ou ajudar os outros; sabe resolver os seus próprios problemas e procurar a felicidade dentro de si.

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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Pintura naif

No Dia de Finados mostramos alguma da arte natural deixada por um dos nossos colaboradores.

 






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