quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Informação ensombrada


Antes do Dia Mundial da Televisão, recordamos duas entrevistas, realizadas há mais de dez anos, a Noam Chomsky, prestes a fazer anos. Duas horas de lucidez sobre a falta dela num livro* ilustrado.

Texto Dina Cristo

A propaganda controla o pensamento das massas,  os espíritos, as vontades, fabrica consentimentos, influência opiniões, comportamentos e mantém as pessoas na ignorância, como espectadores interessados (não participativos); torna-os consumidores atomizados, com sentimentos esmagados e instrumentos dóceis de produção, aprisionados em muros artificiais. Uma máquina propagandística, da qual a escola também faz parte, pois reproduz a ordem social, a sensação de impotência, o isolamento, mantém a submissão parecendo dar protecção. Quanto mais livre é a sociedade maior é a necessidade de propaganda (e mais sofisticada), daí a indústria das relações públicas; numa sociedade totalitária, em que se utiliza o medo e a força, é menos eficaz e mais transparente.

A informação é falsamente neutra, pois tem um pressuposto ideológico. A sua superficialidade impede o espírito crítico e a sua rapidez a memória. Os apresentadores são actores, assalariados de multinacionais. Além de um bem comercial, é um meio de tráfico de influências e palco de conflito de interesses. Falta a liberdade de expressão. E sem conhecimento não há pressão da opinião pública.

Hoje, impera o neoliberalismo, a transferência do poder dos cidadãos para as entidades privadas, que têm direitos e impunidades acima deles, os oligopólios, mercados controlados por um número reduzido de empresas, cujos custos e riscos são assumidos pelas empresas públicas. Os capitais deslocam-se, são especulativos; há uma desregulamentação dos mercados financeiros.

Solução? A educação popular, a mobilização, a constituição de redes na marginalidade; reflectir, pensar segundo os próprios critérios e libertar-se do pensamento oficial. Há que continuar o espírito do Iluminismo (fundamentando toda a vera autoridade, a autonomia) e dos anos 60 (direitos cívicos e pacifistas).

* ROBERT, Denis; ZARACHOWICZ, Weronika – Noam Chomsky – duas horas de lucidez. Ed. Inquérito. 2002.

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