quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Alegria franciscana


                          
Antes do Dia de S. Francisco, e no ano em que se assinalam 785 sobre o desaparecimento físico do homem que pregou a paz e viveu (n)a pobreza, lembramos, dos sonetos sobre a sua vida, um excerto gentilmente cedido pelo Frei Morgado - um dos 127 franciscanos actualmente existentes em Portugal.

Fotografia Dina Cristo

 


Francisco vai de jornada

com seu irmão preferido

meu caro irmão diz dorido

pela sua caminhada



Se na vida atribulada

alguém de nós fosse tido

como exemplo engrandecido

de virtude muito amada



Se soubessemos fazer

altos milagres e ter

a minha sabedoria



Seguir os astros de perto

não estava nisso por certo

a verdadeira alegria



Mais um pouco adiante

ei-lo de novo a dizer

pudéssemos nós saber

meu irmãozinho constante



O mistério cativante

que reside em cada ser

ramo de árvore a crescer

veio de água murmurante



Soubesse a gente pregar

de maneira a conquistar

para a divina harmonia



Os ímpios que a terra tem

não estava nisso também

a verdadeira alegria!



Mas então onde encontrar

a verdadeira alegria

pergunta o irmão que o ouvia

como a noite ouve o luar



Meu irmão vamos chegar

por noite chuvosa e fria

ao convento que anuncia

aos pobrezinhos um lar



Vamos de fome trazidos

mas se fôssemos comidos

lançados à ventania



Sem uma côdea de pão

era isso meu irmão

a verdadeira alegria



Mas se de nova chamada

o porteiro enraivecido

nos tratasse com alarido

como a bandidos de estrada



E sobre nós dois qual rajada

de vento enfurecido

desenrolasse perdido

pragas, ruína de enfiada



E nós meu irmão por amor

do que sofreu o Senhor

até à sua agonia



Se sofrêssemos contente

era isso unicamente

a verdadeira alegria



É que acima caro irmão

dos dons e graças que temos

deve estar no que sofremos

a maior satisfação



O que do Céu recebemos

pertence a Deus, a nós não

mas na dor, na provação

bem fundo nos conhecemos



Sofrendo com sapiência

com caridade e clemência

só por amor de Jesus



Eis a perfeita alegria

do que só se vangloria

dos quatro braços da cruz.

Etiquetas: ,