Alegria franciscana
Antes do Dia de S. Francisco, e no ano em que se assinalam 785 sobre o desaparecimento físico do homem que pregou a paz e viveu (n)a pobreza, lembramos, dos sonetos sobre a sua vida, um excerto gentilmente cedido pelo Frei Morgado - um dos 127 franciscanos actualmente existentes em Portugal.
Francisco vai de jornada
com seu irmão preferido
meu caro irmão diz dorido
pela sua caminhada
Se na vida atribulada
alguém de nós fosse tido
como exemplo engrandecido
de virtude muito amada
Se soubessemos fazer
altos milagres e ter
a minha sabedoria
Seguir os astros de perto
não estava nisso por certo
a verdadeira alegria
Mais um pouco adiante
ei-lo de novo a dizer
pudéssemos nós saber
meu irmãozinho constante
O mistério cativante
que reside em cada ser
ramo de árvore a crescer
veio de água murmurante
Soubesse a gente pregar
de maneira a conquistar
para a divina harmonia
Os ímpios que a terra tem
não estava nisso também
a verdadeira alegria!
Mas então onde encontrar
a verdadeira alegria
pergunta o irmão que o ouvia
como a noite ouve o luar
Meu irmão vamos chegar
por noite chuvosa e fria
ao convento que anuncia
aos pobrezinhos um lar
Vamos de fome trazidos
mas se fôssemos comidos
lançados à ventania
Sem uma côdea de pão
era isso meu irmão
a verdadeira alegria
Mas se de nova chamada
o porteiro enraivecido
nos tratasse com alarido
como a bandidos de estrada
E sobre nós dois qual rajada
de vento enfurecido
desenrolasse perdido
pragas, ruína de enfiada
E nós meu irmão por amor
do que sofreu o Senhor
até à sua agonia
Se sofrêssemos contente
era isso unicamente
a verdadeira alegria
É que acima caro irmão
dos dons e graças que temos
deve estar no que sofremos
a maior satisfação
O que do Céu recebemos
pertence a Deus, a nós não
mas na dor, na provação
bem fundo nos conhecemos
Sofrendo com sapiência
com caridade e clemência
só por amor de Jesus
Eis a perfeita alegria
do que só se vangloria
dos quatro braços da cruz.
Etiquetas: Alegria franciscana, Poesia
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