quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Vida humana

Fez ontem 90 anos que faleceu o autor deste livro. Max Heindel escreveu há cem anos um volume que responde às perguntas básicas do Ser Humano: quem sou, de onde vim e para onde vou. Sempre numa perpsectiva rosacruciana, é com ele que inauguramos o Ano Novo.

Texto Dina Cristo

Esta obra de Max Heindel, resultado de investigações a nível metafísico, está dividida em três partes: a constituição actual do Ser Humano e o método do seu desenvolvimento; cosmogénese e antropogénese e desenvolvimento futuro e iniciação. Depois da Idade Média, da Religião e do Bem, do Renascimento, da Arte e do Belo, e da Modernidade, da Ciência e da Verdade, há agora que as reunir.
Existem sete planos (compostos por sete regiões) cinco dos quais são veículos do Ser Humano: Espírito Divino – relaciona-nos com os outros sistemas solares; Espírito de Vida – relaciona-nos com os outros planetas; Mental – liga o Espírito ao corpo, é o mundo do som
[1]; Emocional[2] – onde se expressam os desejos, sentimentos e paixões, é o mundo da cor, da luz, composto de força-matéria em movimento incessante[3] e o Físico – mundo da forma[4].
O reino humano possui, ao nível físico, corpo denso e vital, ao nível emocional, a região repulsiva e atractiva, ao nível mental, a região concreta e abstracta e uma consciência de vigília. O Ser Humano dirige-se a ele próprio, de dentro, através do espírito individual, enquanto os outros reinos são orientados de fora, por um espírito de grupo.
O reino animal, com uma consciência de sono com sonhos, não possui corpo mental, nem a região emocional de atracção. O reino vegetal, com uma consciência de sono sem sonhos, não possui nem corpo mental nem qualquer das regiões do emocional. O mineral, com inconsciência, apenas possui, dentro do físico, corpo denso (razão pela qual não cresce).
A memória humana é arquivada no corpo vital. A memória consciente é voluntária e formada pelas percepções dos sentidos; a subconsciente é involuntária, sobre a vida da pessoa e está no éter reflector, e a supraconsciente, sobre vidas anteriores, está no Espírito de Vida.
A Alma é tríplice e estabelece as seguintes relações: Espírito Divino - Corpo Denso - Alma Consciente com mais eficiência - Pai; Espírito de Vida - Corpo Vital - Alma Intelectual com mais poder - Filho; Espírito Humano - Corpo de Desejos - Alma Emocional com mais consciência - Espírito Santo.
O terceiro céu corresponde ao Mundo do Pensamento Abstracto e permite o acesso, antecipado, à próxima vida. O segundo céu corresponde ao Mundo do Pensamento Concreto – verdadeiro lar do Ser Humano, onde passa séculos assimilando a última vida, e lugar do som. O primeiro céu corresponde ao Mundo do Desejo (Atracção), lugar de estudo e progresso, onde se tem acesso a um panorama retroactivo relativo às coisas boas. O chamado purgatório corresponde ao Mundo dos Desejos (Repulsão), local de purificação e libertação dos desejos inferiores, onde se sente três vezes mais rápida e intensivamente, e o Ser Humano vê o panorama da sua vida como espectador (mantendo o cordão prateado
De acordo com a evolução, em espiral e rumo à perfeição, houve as seguintes épocas e raças: 1ª Etérica (Polar) – Corpo Denso (gás
[6]) - Adão; 2ª Hiperbórea – Corpo Vital - Caim, agricultor, vegetariano; 3ª Lemuriana – Corpo de Desejos - Abel, pastor; 4ª Atlante – Corpo Mental (Concreto) - Nimrad, caçador e 5ª Ariana – Corpo Mental (Abstracto) - Noé, bebe vinho[7].
Períodos e épocas

Os Espíritos Planetários guiam a vida em cada um dos planetas, num determinado raio. O nosso progenitor é Vaivasvata (quarto raio).
Tal como nós, o nosso planeta também se manifesta (cosmos, forma, objectividade) e depois repousa, dissolve-se (caos, espaço, subjectividade). A sua forma é a cristalização do pólo negativo do Espírito Universal, Absoluto. A Mónada adquire e expande a sua consciência, constrói os seus veículos e depois aperfeiçoa-os. Acabada a involução, em que a substância se faz cada vez mais densa, começa agora a evolução, em que a matéria se faz cada vez mais subtil, numa espiral e num grau de desenvolvimento mais elevado.
Os planetas foram arrojados do Sol pela ordem seguinte: Úrano, Saturno, Júpiter, Marte, Terra, Vénus e Mercúrio, sendo os últimos (cinco) os mais evoluídos – correspondem aos corpos densos dos sete Espíritos diante do Trono, cada um pertencendo a um determinado raio. Enquanto os de maior evolução podem originar um Sol ou até um Sistema Solar, os seres que neles se atrasam podem ocupar os satélites.
O período de Saturno corresponde ao corpo denso, num estado inconsciente semelhante ao do mineral, onde predominava o elemento fogo sob a regência dos Senhores da Chama. O período Solar corresponde ao corpo vital, com uma consciência de sono sem sonhos semelhante ao do vegetal, predominava o elemento ar sob a regência dos Querubins. O período Lunar corresponde ao corpo emocional, com uma consciência de sono com sonhos semelhante à do animal, predominava o elemento água sob a regência dos Serafins. O período Terrestre corresponde ao corpo mental, num estado de vigília, própria do Humano, em que predomina o elemento terra sob a regência dos Senhores da Forma.
No período terrestre houve as seguintes épocas:
Época Etérica, em que havia uma consciência de transe, a propagação efectuava-se através da divisão em metade e a terra estava em fusão.
Época Hiperbórea, em que havia uma consciência de sono sem sonhos, a propagação era através de uma divisão em parte desigual e a terra estava em cristalização.
Época Lemuriana, em que havia uma consciência de sono com sonhos, dá-se a separação dos sexos (sendo uma das partes convertida em actividade criadora mental) e a terra torna-se mais sólida. As raças são guiadas pelos Senhores de Vénus (que iniciam os mais avançados, os Reis) e de Mercúrio, com cada vez maior influência. A sua linguagem era sagrada.
Nesta época nasce o indivíduo propriamente dito, com sangue vermelho e sentimentos de personalidade separada. Depois da queda e do conhecimento íntimo, os espíritos lucíferos abrem-lhe os olhos para (o conhecimento de) o mundo exterior, físico. Conquista de consciência cerebral (acerca do nascimento, corpo, que se torna vertical e da morte) que é acompanhado pelo sentimento de dor e sofrimento.
Na Época Atlante aumenta ainda mais a consciência externa, procriação em conjunto, capacidade de raciocinar e de memorizar e diminui a visão interna (da alma dos seres). O Ser Humano começou a nomear. Nasceram as nações separadas e as monarquias. Esta teve as seguintes sete sub-raças: Rmoahals, Tlavatlis, Toltecas, Turânios, Semitas originais, Acádios e Mongóis.
Na Época Ariana desenvolve-se a razão. Possui cinco sub-raças: Ariana, Babilónio-Assírio-Caldaica, Perso-Greco-Latina, Céltica, Teuto-Anglo-Saxónica. Estamos, portanto, na quinta sub-raça da quinta raça-raiz[8].
Através de uma análise do génesis, Max Heindel demonstra como a Bíblia confirma o plano evolutivo descrito: a criação do Universo pelas duas forças activas, imaginação e movimento, as hierarquias (Eloim), os períodos – Saturno (calor obscuro), Solar (nebulosa brilhante), Lunar (expansão das águas), Terrestre (solidificação) e as suas várias épocas. Javé, o Deus da Raça, de que o Ser Humano deve libertar-se, tendo em vista a “Raça” humana, universal, fraterna e com uma visão interior, mas voluntária e inteligente, e objectivos epigenésicos.
Rosa e cruz
Cristo foi o mais alto iniciado da Humanidade do Período Solar (actuais Arcanjos), cujo mundo mais baixo era o Espírito de Vida, o primeiro universal. Difundiu o seu Corpo de Desejos pelo planeta, purificando-o, tornando possível a iniciação de todos pela fraternidade universal e amor altruísta. Sendo regente do Sol, tornou-se parcialmente regente da Terra[9].
A Alma usa os corpos enquanto veículos para adquirir experiência. Para que a união com o Superior se faça há, pois, que purificar o Corpo Emocional, pela religião de Raça (Espírito Santo), que deu o sentimento de união grupal, o Corpo Vital, pela Religião Cristã (Filho), que elevou à fraternidade universal, e o Corpo Denso, pela Religião do Pai, que provocará a submersão no Uno.
Ao influenciar-se um corpo afecta-se os outros. Max Heindel deixa, por isso, alguns conselhos para evitar a sua degradação e purificá-lo
[10]: evitar substâncias minerais, beber água pura, facilitar a excreção, limpar a pele, comer vegetais, evitar sempre a carne, cultivar a serenidade (o que diminui as bases para as cinzas) e gostos artístico-literários, para nobreza de emoções e aversão à futilidade. Ainda, não abusar ou usar mal a função sexual, canalizando grande parte da sua força para a espiritualidade, mas não sem antes cumprir os deveres para com a família, o país e a espécie humana.
Quando o corpo pituitário e a glândula pineal se reactivarem perceberemos de novo o mundo interno (superior), mas de forma voluntária, e o Ser Humano tornar-se-á adepto, ou seja, clarividente voluntário. Os centros dos sentidos do Corpo Emocional, que podem ser despertos através da concentração, meditação, análise visual, raciocínio lógico, contemplação e adoração, rodarão, então, na direcção dos ponteiros do relógio.
A Terra é actualmente constituída por nove extractos (mineral, fluídico, vaporoso, aquoso, germinal, ígneo, reflector, atómico e expressão material do espírito terrestre), que representam os nove graus menores, e um núcleo – simbolizando a primeira grande iniciação, que a Humanidade alcançará no fim do período Terrestre.
A verdade absoluta apenas vai sendo acessível relativamente. Para um conhecimento mais integral o coração (Religião) e a cabeça (Ciência) devem unir-se. Uma aproximação que começou no séc.XIII com Cristão Rosacruz, fundador da Ordem Rosacruz, Escola de Mistérios Menores, com sede internacional no Sul da Califórnia. O seu símbolo representa as doze hierarquias criadoras: cinco (pontas da estrela) já libertas – três de cima que trabalham voluntariamente e duas de baixo que estão prontas para se retirar – e sete (rosas) ainda em actividade.
Max Heindel deixa, no XXI capítulo do livro, dois exercícios para os aspirantes: um matinal (concentração de pensamentos) e outro nocturno (retrospecção e aprendizagem das lições).

[1] É constituído pelas seguintes regiões: 7ª – Contém a ideia germinal da forma (mineral, vegetal, animal, humana); 6ª - Contém a ideia germinal da vida (vegetal, animal, humana); 5ª – Contém a ideia germinal do desejo (animal e humano); 4ª – Contém as forças arquetípicas e a mente humana. É através dela que o espírito se reflecte na matéria. Região das Forças Arquetípicas; 3ª – Contém os arquétipos do desejo. Região aérea; 2ª Contém os arquétipos da vitalidade universal. Região oceânica; 1ª – Contém os arquétipos da forma. Região continental.
Da 1ª à 4ª trata-se da região da Mente concreta. Da 5ª à 7ª refere-se ao Espírito Humano, Abstracto. [2] Tal como os outros corpos, interpenetra os seus inferiores, neste caso o corpo vital e denso, indo um pouco além de cada um deles. Os seus centros sensoriais, de percepção, estão ainda latentes. É constituído pelas seguintes regiões: 7ª – Poder anímico; 6ª – Luz anímica; 5ª – Vida anímica; 4ª – Sentimentos ([des]interesse, [in]diferença) 3ª – Desejos; 2ª – Impressionabilidade; 1ª – Paixões e desejos inferiores;
Da 1ª à 3ª refere-se à região da repulsão. Da 5ª à 7ª`refere-se à região de atracção. [4] É constituído pelas seguintes regiões: 7ª – Éter reflector – Memória da Natureza ; 6º - Éter luminoso – Meio de percepção sensorial; 5º - Éter vital – Meio de propagação; 4º - Éter químico – Meio de assimilação e excreção; 3º - Gases; 2º - Líquidos; 1º - Sólidos;
Da 1ª à 3ª trata-se da região química. Corresponde à Lei da gravidade, contracção e dilatação e ao corpo denso. Da 4ª à 7ª trata-se da região etérea. Corresponde à Lei da inércia e ao corpo vital. [5] Criado em cada renascimento a partir do átomo-semente do corpo de desejos (fígado), do denso (coração), que se unem ao do corpo vital (plexo solar), despertando o feto. [6] “Todos os gases são minerais”, pág. 133. [7] Com o qual o Ser Humano foi perdendo a percepção espiritual para melhor valorizar a vida física.
[8] Razão pela qual há cinco continentes e cinco sentidos desenvolvidos.
[9] Conforme o amor universal for dominando assim o coração, enquanto músculo involuntário, terá, além das fibras longitudinais, também fibras transversais. [10] O “Pai Nosso” é uma forma de purificar os diversos veículos como tem vindo a demonstrar Humberto Álvares da Costa.

Etiquetas: , ,