quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Abandonamo-la?


Numa antecipação do Dia Mundial da Música, publicamos uma conversa com uma das bandas filarmónicas portuguesas: a penichense. Em agonia, eis as suas últimas vontades.

Texto Victor Hugo Cristo fotografia Dina Cristo

- Olá banda, como estás? Há muito tempo que não te via.
- Eu estou em coma.

- Em coma!?
- Sim, em coma.
- Cheguei a ver-te tão feliz da vida.
- Isso já faz muito tempo, quando ainda cuidavam de mim.

- Não entendi!
- Há pois, não entendes, é natural. Nesse tempo havia pessoas que se interessavam por mim, pelo meu bem-estar, ficavam felizes por eu poder dar muita alegria aos outros, mas depois…
- Depois o quê?
- Depois foram uns e vieram outros, julguei que fossem melhores mas enganei-me, e a partir daí fui adoecendo e agora estou neste estado de saúde, como podes ver.
- Realmente estás muito mal, para estares em coma.
- Mas mesmo assim estou a reconhecer-te.
- Pois é, eu sou aquele que sempre tentou dar a saúde que mereces, continuo a teu lado, mas também já estou a ficar doente com tudo isto. Não queria que desaparecesses, tenho feito tudo para que isso não aconteça, tenho falado com várias pessoas, algumas delas com um certo poder, para me ajudarem a ficares realmente boa; como estás muito doente uns dizem-me que não podem outros que vão ver, mas se tivesses a gozar de boa saúde eles já podiam.
- Eu sei que tens feito tudo para me salvares e reconheço que tenho pouco tempo de vida, mas antes de eu falecer, para ficares tranquilo, queria dizer o seguinte…
- Então diz o que tens a dizer. Pelo menos para a população saber.
- Como estou muito mal, peço-te que sejas tu a dizeres.
- Então diz-me ao ouvido.
-Agradece à população os donativos (sem eles não conseguíamos os instrumentos) e aplausos nas saídas. Agradece também aos nossos forasteiros pela sua bondade e ofertas. Agradece a algumas pessoas, que foram incansáveis nos seus préstimos, à Câmara e à Associação Recreativa. Devolve ou encaminha para alguma instituição o valor emprestado por um director já falecido. Resolve a parte essencial, os instrumentos que estão espalhados pelos “músicos”, e o dinheiro que ainda está no banco. Com isto resolvido já posso morrer em paz.
- Há que teres esperança. Quem sabe se, um dia, ressuscitares, verás outra irmã pelas ruas de Peniche.

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sábado, 20 de setembro de 2008

Jornalismo (e) audiovisual VII

De que forma o jornalismo (televisivo) é um relato, o mais fiel possível, da realidade actual? Até que ponto a “informação-espectáculo” entra no domínio da ficção?

Texto Dina Cristo

A dramatização da informação em detrimento da análise e da ponderação, a concorrência desenfreada que não serve a verdade, a imagem de um canal, assumida cada vez menos pelo ordenamento das notícias e mais pelo apresentador que adquire, progressivamente, o estatuto de actor e criador de acontecimentos – eis, em síntese, algumas das características da TV informativa dos nossos dias que “Broadcast News” foca.

Com um mercado cada vez mais competitivo, a informação fica reduzida ao estatuto de mera mercadoria. Os jornalistas de televisão, aos poucos, vão abandonando a sua “velha” missão de informar e tornam-se autênticos vendedores do “novo” espectáculo. “Quando sentires que estás a ler, pára e começa a vender um pouco”, aconselhava Tom.

Gradualmente, a mensagem com conteúdo, a informação reflectida, o debate de ideias vão sendo menosprezados e mesmo estes últimos, quando se realizam, pretendem sobretudo explorar o conflito entre os participantes.

Neste contexto, o jornalista torna-se a principal figura daquela “companhia”: é a vedeta. Resultado da valorização do seu ‘papel’, este atributo dá-lhe um prestígio que o torna figura pública nacional (Tom é admirado ao passo que Aaron nem sequer é recordado). Os agentes de informação passam, também eles, a ser vendidos. “No mercado de comunicação os jornalistas compram-se e vendem-se, vulgarmente, como qualquer programa ou concurso”[1].

A partir do momento em que assinou um pacto de lealdade com o lucro, a informação televisiva tornou-se infiel ao conceito tradicional de notícia e passou a coabitar com as modernas noções de entretenimento e espectáculo. Máquina pesada e dependente de meios financeiros para continuar a emitir, de tudo faz para “colar” os telespectadores ao ecrã. “Posso ligar para as notícias?”, pergunta Aaron a propósito do trabalho de Tom sobre violações; a redacção em peso protesta e, numa irónica resignação, ele aceita: “Está bem. Sexo e lágrimas devem ser as notícias”.

Uma das fórmulas que mais atrai a atenção é a espectacularidade. Assuntos dramáticos, violentos e chocantes são acentuados com imagens em grande plano, ou até em plano de pormenor, numa exploração quase mórbida do sofrimento e da desgraça. O conteúdo essencial de uma questão é frequentemente secundarizado a favor de um pormenor mais apelativo, não importa que seja um facto isolado, superficial e até, por vezes, um ângulo de abordagem especulativo se é este que traz mais audiência.

Além de em “Broadcast News”, está questão é abordada numa já vasta filmografia da qual fazem parte “Wrong is wrisht” de Richard Brooks, um dos realizadores que se dedica aos “newspaper films”. “Aqui estamos em pleno domínio da informação como espectáculo, através dos meios audiovisuais. O facto de ter uma câmara e dar notoriedade a quem capta, abre as portas ao repórter Sean Connery por todo o lado. Mas esse espectáculo tem um preço; é a diluição de verdade e da informação na encenação feita pelas estações televisivas. A “verdade” é, aqui, apenas o facto de “estar” no ecrã”[2].

Encenação dos factos

Por norma, a televisão, nomeadamente no ramo informativo, é considerada um modelo de autenticidade. O telespectador comum, acredita que a TV mostra a verdade, que os eventos só acontecem se forem transmitidos na televisão e tudo o que o aparelho não mostra é porque não é importante ou não existe. Os protagonistas dos acontecimentos, por seu lado, admitem que um facto só é reconhecido se for visto na televisão e que, por conseguinte, a sua não transmissão faz dele um não acontecimento[3].

O jornalismo televisivo pretende transmitir da realidade uma imagem tão fiel quanto possível; tem como objectivo a objectividade. Mas será que o consegue?

Sendo a imagem “tudo o que pode acrescentar à coisa representada a sua representação”[4], implica que à verdade (ou mentira) da coisa representada acresce a veracidade ou não da representação que dela se dá.

O jornalismo televisivo tem por dever representar, isto é, tornar presente no tempo e no espaço coisas, pessoas e factos que existem, vivem e acontecem na verdade, isto é, que têm existência própria no dia-a-dia. Deverá igualmente representá-los o mais próximo possível do modo como são vistos durante a sua existência quotidiana. Mas atingirá esse fim?

Nem sempre. Por vezes as regras não se cumprem e violam-se princípios fundamentais, tais como o amor à verdade. Há factores como a reconstituição, a manipulação e a encenação, que distorcem os acontecimentos. O resultado é uma imagem, umas vezes próxima, outras um pouco “desfocada”, mas raramente integral (à parte a totalidade da realidade pois, por enquanto, é impossível o relevo, a textura e o cheiro).

Para além das questões de espaço e de tempo, que limitam a exposição do acontecimento em toda a sua dimensão, é humanamente difícil a sua compreensão total e praticamente impossível (nomeadamente para um jornalista não especializado) o conhecimento, na íntegra, das causas, próximas e remotas, do facto, dos diversos pontos de vista sobre o mesmo, das suas implicações e de todas as suas vertentes de abordagem: económica, política, social, religiosa, etc.

Além destas questões de conteúdo, as notícias levam uma roupagem nova; são encenadas, montadas e ei-las prontas para a sua apresentação ao grande público, agora mais “interessantes” e prestes a fazer furor dada a sua espectacularidade. “(…) caso ela seja demasiado banal ou inexistente, porque não maquilhá-la, condimentá-la? Chama-se a isto falcatruar”[5]. Será desejável bom senso q.b. para evitar excessos e gerar verdadeiras obras de ficção, como esta: “(…) um dos condutores do carro alugado pela AMI contou-me que tinha trabalhado para uma equipa de televisão estrangeira e que, ele próprio, dera aos refugiados o dinheiro oferecido pelos jornalistas aos que aceitaram rastejar, esgravatar e lutar por água e arroz, de modo a serem filmados”[6].

Há situações mais cometidas, mas nem por isso mais escrupulosas. Alain Woodrow conta no seu livro uma situação em que se inverteu, por completo, o sentido das imagens. Tratava-se de uma mulher que limpava uma prateleira, por isso vazia, e reclamava com o operador de câmara por filmar aquela, quando as outras estavam cheias; o resultado foi uma interpretação maliciosa que a colocava em pranto por falta de alimentos. Sorj Chalandon, citado por Alain Woodrow, refere mais dois exemplos:

“Noutra ocasião, uma televisão paga a um gasolineiro egípcio de Amã para que se vista como um kuwaitiano. Impecavelmente de branco, soberbo, o homem introduz a mangueira no depósito de um carro, com ar preocupado. Bela sequência sobre esses emires que vendiam petróleo ao mundo inteiro, obrigados doravante a trabalhar como gasolineiros na capital jordana. Uma outra equipa, ainda invade o aeroporto internacional, que abriga milhares de refugiados, põe comida em cima de um cobertor e filma os pobres esfomeados a comer assim. ‘Que imagem do nosso país estão vocês a dar ao estrangeiro?’, interroga o jornalista jordano. ‘Um bando de desgraçados famintos ou psicopatas, sedentos de sangue e a uivar ‘Saddam’ todo o santo dia!”[7].

Tal como os “newspaper films” nos sugerem, muitas vezes são os chefes de redacção que incentivam os jornalistas a atropelar as regras deontológicas. José Barata Feyo fala da sua experiência: «Em relação à guerra do Golfo pude observar, no que respeita às redacções-centrais: “Não quero nem saber se tens alguma notícia para dar. Entras em directo e é tudo”. E o enviado lá entrava com a sua primeira mentirazinha, no início timidamente, depois já à vontade, com muitas de cada vez, seguro de si e das felicitações do chefe»[8].

Estes são apenas exemplos de distorção involuntária da imagem da realidade social provocada pela própria organização das empresas de comunicação. De qualquer forma, existem situações cujo contexto foi totalmente alterado, em que o significado final era inconciliável com o sentido original da imagem.

São eventos reconstruídos e contrafeitos, acontecimentos encenados para a câmara, personagens maquilhados, comportamentos que se alteram sempre que se acende a luz da objectiva, manifestações que se retardam à espera da chegada da televisão, planos de corte ‘dribando’ a fé do espectador, jornalistas que vestem a pele de vendedor, imagens de um facto que servem para ilustrar outro diferente. Não contribui tudo isto para aproximar o jornalismo a, pelo menos, uma certa ficção?

Valérie Ganne dá a resposta: “(…) o magazine, os documentários são encenados e adoptam um estilo narrativo próximo da ficção”[9]. Esta fonte sublinha ainda a não veracidade das imagens em relação ao facto a que o jornalista se reporta: “Certos jornalistas podem portanto utilizar imagens anteriores aos acontecimentos; imagens da guerra Irão-Iraque para ilustrar a guerra do Golfo, imagens de uma manifestação de funcionários em Toulouse em Março para ilustrar uma manifestação em Agosto, enfim imagens de Teerão enquanto se fala de uma manifestação em Alger (…)”[10].

Adolfo Vidal sintetiza a problemática televisiva da indistinção entre o real e a sua representação: “Afinal é como ficção que podemos caracterizar o televisivo discurso informativo da actualidade que, produzindo industrialmente e em série, nos convence que a fragmentação é unidade, que o artificial é natural, que a encenação é espontaneidade e que a tecnologia é objectiva”[11].

Durante a guerra do Golfo mentiu-se objectivamente, dizem alguns críticos. A famosa gaivota cheia de crude – um atentado ambientalista supostamente provocado pelas hostes de Saddam Hussein, afinal “(…) eram imagens de arquivo, e referiam-se a outras tragédias ecológicas que não a do Golfo. A cobertura da guerra chegou ao ficcional”[12].

Artur Queirós, jornalista que presenciou o “day-after”, afirmou em entrevista que “eram colmeias humanas completamente destruídas, eram só estragos e os meios de comunicação falavam apenas em bombardeamentos cirúrgicos”; o mesmo profissional advoga que os “media” tiveram, em relação ao Iraque, no máximo cinco por cento de credibilidade: “só se disseram mentiras”[13].

A revista “Positif” publicou artigos onde se afirmava que o que aconteceu foi uma “ficcionalização da realidade”, ou seja, mostravam-se bombas a cair, mas nada em concreto, nada que se comparasse à realidade dos documentários exibidos durante a Grande Guerra, nomeadamente o bombardeamento de Londres: «(…) foi o “falso directo” da guerra, ou seja, a guerra não mostrada, apenas insinuada»[14].

A primeira vítima da guerra foi a verdade, transmitiu-se ficção com o rótulo de reportagem. Barata Feyo, no prefácio do livro de Alain Woodrow sobre informação e manipulação, afirma: “Em nome e pela causa sacrossanta do princípio da concorrência, empolaram-se factos, inventaram-se situações, manipularam-se povos inteiros, mentiu-se deliberadamente. Fizemos o contrário do que a informação manda que se faça”[15].

Recorrendo a truncagens, enfeites ou habilidades, o facto é que se reconstrói, para empolamento dos aspectos insólitos, o material representado, “creating a second-hand reality”[16].

É essa construção da realidade que se analisa no próximo artigo. Uma construção onde, como veremos, o modo como está organizada a actividade produtiva de notícias é determinante
[1] WOODROW, Alain – Informação, manipulação, p.15. [2] AAVV – Calendário do ciclo Jornalismo e Cinema, Janeiro/Fevereiro 1993, p.4. [3] BAZIN, André – O que é o cinema, p.72. [4] Idem, ibidem. [5] Idem, p.132. [6] Idem, p.70. [7] Idem, p.203. [8] Ide, p.132. [9] GANNE, Valérie – Le mélange des genres: la fiction et l ´information, p.24. [10] Idem, p.21-22. [11] VIDAL, José Adolfo – De como à noite todos os gatos são pardos, p.75. [12] SOUSA, Jorge Pedro – Incógnitas da incerteza – reflexões sobre jornalismo e comunicação humana a propósito da Guerra do Golfo, p.108. [13] CRISTO, Dina - Só se disseram mentiras na guerra do Golfo, p.12. [14] SOUSA, Jorge Pedro – Op. Cit., p.17. [15] WOODROW, Alain – Op. Cit., p.13. [16] WOLF, Mauro – Teorias d acomunicação, p.126.

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quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Vi(d)a livre

Oito anos após o primeiro Dia Europeu Sem Carros (DESC) aí estão iniciativas alternativas mais saudáveis à vida urbana sustentável. Alguns dias, até Segunda-Feira, para abrandar, descontrair, despoluir e socializar nesta Semana Europeia da Mobilidade (SEM).

Texto e fotografia Dina Cristo

Quando foi criada, a máquina de quatro rodas parecia trazer consigo uma promessa de vida mais desocupada e mais tempo livre para o lazer. Cem anos após a saída do primeiro modelo T, de Henry Ford, a democratização do automóvel transformou-o de um veículo de mobilidade em, muitas vezes, ao contrário do sonhado, em quase imobilidade que nos faz perder tempo, dinheiro e saúde.
Tornou-se factor mais de limitação e desumanização do que de movimento e liberdade. Com um benefício mínimo numa viagem curta, «Muitas das jornadas que fazemos de carro poderiam ser feitas facilmente – e muitas vezes, ainda mais facilmente – a pé”, como escreve Carl Honoré
[1], usado, muitas vezes, mais por hábito do que por necessidade, o carro representa hoje, para o Ser Humano, mais uma dependência do que autonomia.
As cidades em Portugal têm sido, e continuam, desenhadas para os automóveis e não para os cidadãos, como lembrou Rogério Lopes Soares, da Associação de Cidadãos Auto-Mobilizados (ACAM), no programa Sociedade Civil sobre eventuais portagens urbanas. É preciso, acrescentou Manuel Ferreira dos Santos, da LPN e Geota, reabilitar os centros urbanos e deixar de centrifugar os habitantes, nos seus movimentos triangulares entre o descanso – trabalho – lazer. Para tal, sugeriu, há que, por exemplo, “taxar” os estacionamentos (privados e comerciais) e criar mais espaços reservados para os transportes públicos, que devem ser devidamente articulados.
O trânsito, insustentável, está a atingir a saturação psicológica, fisiológica, ecológica e económica. Esta consciência tem originado movimentos que questionam cada vez mais o (ab)uso dos automóveis, desde campanhas populares anti-velocidade, como a iniciada por Sherry Williams, “Compromisso de Abrandar”, Programas de Andamento nos Bairros, de Aceleradores Anónimos e de Consciencialização da Velocidade.
Para além da defesa do uso do transporte público, rodoviário, ferroviário, fluvial e (inter)urbano, um pouco por todo o lado se encetam “novos” modos de movimentação dos peões. O aumento dos combustíveis ajuda a encontrar alternativas criativas que podem ir desde a boleia à partilha de veículos, das motorizadas aos patins, passando por andar a pé ou… pedalar. Naturalmente, ou com a ajuda das duas rodas, cada vez mais cidadãos encontram assim a forma de se deslocar de/para ou nas zonas metropolitanas.
Desde o primeiro ano do Dia Europeu Sem Carros, em 2000, que os ciclistas têm aumentado. As bicicletas, antes pontuais, começam a tornar-se um hábito. Em Portugal, às 18h da última Sexta-Feira de cada mês pedala-se em Aveiro (com encontro na Praça Melo Freitas), Coimbra (no Largo da Portagem), Lisboa (no Marquês de Pombal), em Portimão (no Tribunal) ou no Porto (na Praça dos Leões). A próxima está marcada para dia 26.
A massa crítica aumenta. Após a implementação das Bugas em Aveiro, e do projecto "Freebikes", em Vila Real, é agora a vez da Bute, Bicicleta de Utilização Estudantil, a circular, graciosamente, em vários pólos académicos. Depois de 70 voltas a Portugal, e ainda com a memória de Joaquim Agostinho, os mais jovens parecem dar o exemplo de como encontrar uma solução económica, saudável e relaxante. No Brasil, a bicicletada tem vindo a aumentar de ano para ano.

Cidades Lentas

A procura da libertação do automóvel, a ânsia de escapar à via rápida (cada vez mais congestionada e a passo de caracol), a redescoberta do culto pelo ar livre, a tranquilidade, o contacto mais directo com outros seres vivos e humanos deu lugar, um pouco por todo o mundo, ao(re)nascimento de cidades lentas, autênticos refúgios para o mundo moderno. Os seus princípios assentam no prazer antes do lucro, nos seres humanos acima do chefe, na lentidão em vez da velocidade.
As cidades lentas, com menos de 50 mil habitantes, prescindiram dos automóveis e devolveram a vida aos seus habitantes. Apostam nos espaços verdes (mais parques públicos, esplanadas, árvores, arbustos e flores), em zonas pedestres ou domésticas, como na Grã-Bretanha, com baixos limites de velocidade, redução de parques de estacionamento e aumento de áreas de recreio e arvoredo, num convite ao passeio e ao convívio social.
Nas cidades desocupadas privilegia-se o comércio tradicional e produtos regionais. A italiana Bra, por exemplo, proibiu cadeias de supermercados e anúncios luminosos; a câmara subsidia a reabilitação de edifícios que usam a cobertura de telha típicos da região; as cantinas (escolares e hospitalares) servem pratos tradicionais. Além de estimular a ligação às pessoas, em vez da corrida em áreas alienantes, ajuda a evitar o desemprego, a dar vida à economia e atrai turistas.
No caso de Kenlands, onde se caminha até à rua principal em cinco minutos, as crianças vão a pé para a escola, as ruas enchem-se de pessoas e a taxa de crime é baixa. Com uma vida mais calma e comunidade mais forte e solidária, entrou num ciclo virtuoso de tranquilidade: «O bairro está solidamente unido à moda antiga. Os pais olham pelos filhos uns dos outros nas ruas. A criminalidade é tão baixa – quando toda a gente conhece toda a gente, os intrusos são facilmente reconhecidos – que alguns residentes nem fecham as portas à chave. As informações também circulam facilmente»
[2].
Diminui o "apetite" pelo tráfego, o ruído, os subúrbios e aumenta a "caça" aos estacionamentos, o desejo de viver em centros urbanos rejuvenescidos, com bairros favoráveis a peões, onde se fazem as compras e se confraterniza a pé. Mais tempo para as pessoas, menos espaço para os veículos: “Com esse fim, muitas cidades, por todo o lado, estão a transformar ruas em zonas pedestres, a abrir vias para bicicletas, a proibir o estacionamento, a aplicar portagens e a proibir mesmo o trânsito»
[3]. O Novo Urbanismo já arquitecta bairros com edifícios próximos, ruas estreitas - com passeios largos e arborizados - onde se pode andar a pé, generosos espaços públicos e garagens escondidas. Como disse Rogério Soares, é já tempo de devolver ao peão o uso do espaço comum, deixando de se limitar aos passeios e passar a ter toda a prioridade, mesmo nas estradas.

[1] HONORÉ, Carl - “O movimento slow”, Estrela Polar, 2006. [2] Idem, pág. 107 [3] Idem, pág. 101

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quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Operações


Neste segundo “cair da folha”, propício a cirurgias, indicamos quando (se) deve evitar este último recurso. Eis os dias (e as partes do corpo em) que, segundo a revista Rosacruz, não se deveria[1] submeter a operações:

JUNHO 2013:
1: pés
2, 3, 4: cabeça, olhos, extrair dentes
4, 5, 6: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes
7, 8, 9: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
9, 10, 11: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata
12, 13: espinha e coração
14, 15, 16: fígado, intestinos e baço
17, 18: rins, região lombar, ureteres
19, 20: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
21, 22: coxas e quadris
23, 24: não operar em parte alguma nem extrair dentes
25, 26: olhos, tornozelos e varizes
27, 28, 29: pés
29, 30: cabeça, olhos, extrair dentes

MAIO 2013:
1: não operar em parte alguma nem extrair dentes
2, 3: olhos, tornozelos e varizes
4, 5: pés
6, 7, 8: cabeça, olhos, extrair dentes
8, 9, 10: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes
11, 12, 13: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
13, 14, 15: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata
16, 17: espinha e coração
18, 19, 20: fígado, intestinos e baço
21, 22: rins, região lombar, ureteres
23, 24: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
25, 26: coxas e quadris
27, 28: não operar em parte alguma nem extrair dentes
29, 30: olhos, tornozelos e varizes
31: pés 

ABRIL 2013:
1: coxas e quadris
2,3: não operar em parte alguma nem extrair dentes
4,5,6: olhos, tornozelos e varizes
6,7,8: pés
9, 10: cabeça, olhos, extrair dentes
11, 12, 13: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes
13, 14, 15: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
16, 17, 18: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata
18, 19, 20: espinha e coração
21, 22: fígado, intestinos e baço
23, 24, 25: rins, região lombar, ureteres
25, 26, 27: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
27, 28: coxas e quadris
29, 30: não operar em parte alguma nem extrair dentes

MARÇO 2013:
1: fígado, intestinos e baço, rins, região lombar, ureteres, órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
2,3: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
4, 5: coxas e quadris
6, 7: não operar em parte alguma nem extrair dentes
8,9: olhos, tornozelos e varizes
10, 11, 12: pés
12, 13, 14: cabeça, olhos, extrair dentes
15, 16: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes
17, 18, 19: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
20, 21: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata
22, 23, 24: espinha e coração
24, 25, 26: fígado, intestinos e baço
27, 28: fígado, intestinos e baço, rins, região lombar, ureteres
29, 30: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
31: coxas e quadris

FEVEREIRO 2013:
1, 2: rins, região lombar, ureteres
2, 3, 4: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
4, 5, 6: coxas e quadris
7, 8: não operar em parte alguma nem extrair dentes
9, 10: olhos, tornozelos e varizes
11, 12: pés
13, 14, 15: cabeça, olhos, extrair dentes
15, 16, 17: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes
18, 19, 20: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
21, 22: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata
23, 24: espinha e coração
25, 26, 27: fígado, intestinos e baço
28: fígado, intestinos e baço, rins, região lombar, ureteres

JANEIRO 2013:
1: peito, ombros, braços, mãos e pulmões, estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata, coxas e quadris, intestinos e baço.
2,3: fígado, intestinos e baço
4,5: rins, região lombar, ureteres
6,7: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz
8,9: coxas e quadris
10, 11: não operar em parte alguma nem extrair dentes
12, 13, 14: olhos, tornozelos e varizes
14, 15, 16: pés
16, 17, 18: cabeça, olhos, extrair dentes
19, 20, 21: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes
21, 22, 23: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
24, 25, 26: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata
26, 27, 28: espinha e coração
29, 30: fígado, intestinos e baço
31: rins, região lombar, ureteres



DEZEMBRO 2012:


1,2: peito, ombros, braços, mãos e pulmões, estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata, coxas e quadris

3,4,5: espinha e coração

5,6,7: fígado, intestinos e baço

8,9: rins, região lombar, ureteres

10, 11: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz

12, 13: coxas e quadris

14, 15: não operar em parte alguma nem extrair dentes

16, 17: olhos, tornozelos e varizes

18,19: pés

20, 21, 22: cabeça, olhos, extrair dentes

23, 24: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes

25, 26: peito, ombros, braços, mãos e pulmões

27, 28, 29: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata

30, 31: espinha e coração



NOVEMBRO 2012:

1,2: peito, ombros, braços, mãos e pulmões

3,4,5: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata

6,7: espinha e coração

8,9: fígado, intestinos e baço

10, 11, 12: rins, região lombar, ureteres

12, 13, 14: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz

14, 15: coxas e quadris

16, 17, 18: não operar em parte alguma nem extrair dentes

19, 20: olhos, tornozelos e varizes

21, 22: pés

23, 24, 25: cabeça, olhos, extrair dentes

25, 26, 27: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes

29, 30: peito, ombros, braços, mãos e pulmões

30: peito, ombros, braços, mãos e pulmões, estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata



OUTUBRO 2012:

1,2: cabeça, olhos, extrair dentes

2,3, 4: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes

4, 5, 6: peito, ombros, braços, mãos e pulmões

7, 8, 9: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata

9, 10, 11: espinha e coração

12, 13: fígado, intestinos e baço

14, 15: rins, região lombar, ureteres

16, 17: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus e nariz

18, 19: coxas e quadris

20, 21: não operar em parte alguma nem extrair dentes

22, 23, 24: olhos, tornozelos e varizes

24, 25, 26: pés

27, 28: cabeça, olhos, extrair dentes

29, 30, 31: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes



SETEMBRO 2012:



1: pés



2, 3, 4: cabeça, olhos e extrair dentes



4, 5, 6: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas e extrair dentes



7, 8, 9: peito, ombros, braços, mãos e pulmões



10, 11: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata



12, 13: espinha e coração



14, 15, 16: fígado, intestinos e baço



16, 17, 18: rins, região lombar e ureteres



18, 19, 20: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus e nariz



21, 22: coxas e quadris



23, 24: não operar em parte alguma nem extrair dentes



25, 16: olhos, tornozelos e varizes



27, 28, 29: pés



29, 30: cabeça, olhos, extrair dentes





AGOSTO 2012:



1,2, 3: olhos, tornozelos e varizes



3, 4, 5: pés



6,7: cabeça, olhos e extrair dentes



8, 9, 10: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas e extrair dentes



11, 12: peito, ombros, braços, mãos e pulmões



13, 14, 15: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata



16, 17: espinha e coração



18, 19: fígado, intestinos e baço



20, 21: rins, região lombar e ureteres



22, 23, 24: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz



24, 25: coxas e quadris



26, 27, 28: não operar em parte alguma nem extrair dentes



29, 30: olhos, tornozelos e varizes



31: pés





JULHO 2012:



1,2: coxas e quadris



3,4: não operar em parte alguma nem extrair dentes



5,6: olhos, tornozelos e varizes



7,8,9: pés



9, 10, 11: cabeça, olhos e extrair dentes



1, 13, 14: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas e extrair dentes



14, 15, 16: peito, ombros, braços, mãos e pulmões



17, 18, 19: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata



19, 20, 21: espinha e coração



22, 23: fígado, intestinos, baço



24, 25: rins, região lombar, ureteres



26, 27: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz



28, 29: coxas e quadris



30, 31: não operar em parte alguma nem extrair dentes







JUNHO 2012:



3, 4: coxas e quadris



5, 6, 7: não operar em parte alguma nem extrair dentes



8, 9: olhos, tornozelos e varizes



10, 11: pés



12, 13, 14: cabeça, olhos e extrair dentes



15, 16: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas e extrair dentes



17, 18, 19: peito, ombros, braços, mãos e pulmões



20, 21: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata



22, 23, 24: espinha e coração



24, 25, 26: fígado, intestinos e baço



27, 28: rins, região lombar e ureteres



29, 30: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus e nariz





MAIO 2012:



1,2: fígado, intestinos e baço



3, 4: rins, região lombar e ureteres



5, 6: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus e nariz



7, 8: coxas e quadris



9, 10: não operar em parte alguma nem extrair dentes



11, 12, 13: olhos, tornozelos e varizes



13, 14, 15: pés



16, 17, 18: cabeça, olhos e extrair dentes



19, 20: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas e extrair dentes



21, 22, 23: peito, ombros, braços, mãos e pulmões



24, 25: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata



26, 27: espinha e coração



28, 29, 30: fígado, intestinos e baço



30, 31: fígado, intestinos e baço, rins, região lombar e ureteres



31: rins, região lombar e ureteres



ABRIL 2012:



1,2,3: espinha e coração



3,4,5: fígado, intestinos e baço



5,6,7: rins, região lombar e ureteres



7,8,9: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus e nariz



9,10: coxas e quadris



11, 12, 13: não operar em parte alguma nem extrair dentes



14, 15: olhos, tornozelos e varizes



16, 17, 18: pés



18, 19, 20: cabeça, olhos e extrair dentes



21, 22, 23: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas e extrair dentes



24, 25: peito, ombros, braços, mãos e pulmões



26, 27, 28: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata



29, 30: espinha e coração



Março 2012:
1,2: peito, ombros, braços, mãos e pulmões 2, 3, 4: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata 5, 6: espinha e coração 7, 8: fígado, intestinos e baço 9, 10: rins, região lombar, ureteres 11, 12: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz 13, 14: coxas e quadris 15, 16, 17: não operar em parte alguma nem extrair dentes 18, 19: olhos, tornozelos e varizes 20, 21, 22: pés 22, 23, 241: cabeça, olhos, extrair dentes 24, 25, 26: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes 27, 28, 29: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
Fevereiro 2012:
1: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes 2, 3: peito, ombros, braços, mãos e pulmões 4, 5, 6: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata 6, 7, 8: espinha e coração 9, 10: fígado, intestinos e baço 11, 12: rins, região lombar, ureteres 13, 14: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz 15, 16: coxas e quadris 17, 18, 19: não operar em parte alguma nem extrair dentes 20, 21: olhos, tornozelos e varizes 22, 23: pés 24, 25, 26: cabeça, olhos, extrair dentes 26, 27, 28: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes 29: peito, ombros, braços, mãos e pulmões
Janeiro 2012:
1,2: cabeça, olhos, extrair dentes 3, 4, 5: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes 5, 6, 7: peito, ombros, braços, mãos e pulmões 8, 9: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata 10, 11, 12: espinha e coração 12, 13, 14 fígado, intestinos e baço 14, 15, 16: rins, região lombar, ureteres 17. 18: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus e nariz 19, 20: coxas e quadris 21. 22: não operar em parte alguma nem extrair dentes 23, 24: olhos, tornozelos e varizes 25, 26, 27: pés 28, 29: cabeça, olhos, extrair dentes 30, 31: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes

Dezembro 2011:



1: olhos, tornozelos e varizes

2, 3: pés

4, 5, 6: cabeça, olhos, extrair dentes

6, 7, 8: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes

9, 10: peito, ombros, braços, mãos e pulmões

11, 12, 13: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata

14, 15: espinha e coração

16, 17: fígado, intestinos e baço

18, 19, 20: rins, região lombar, ureteres

20, 21, 22: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz

22: coxas e quadris

24, 25, 26: não operar em parte alguma nem extrair dentes

27, 28: olhos, tornozelos e varizes

29, 30: pés

31: cabeça, olhos, extrair dentes





Novembro 2011:

1: não operar em parte alguma nem extrair dentes

2, 3: olhos, tornozelos e varizes

4, 5, 6: pés

7, 8: cabeça, olhos, extrair dentes

9, 10, 11: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes

11, 12, 13: peito, ombros, braços, mãos e pulmões

14, 15, 16: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata

17, 18: espinha e coração

19, 20: fígado, intestinos e baço

21, 22: rins, região lombar, ureteres

23, 24: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus, nariz

25, 26: coxas e quadris

27, 28: não operar em parte alguma nem extrair dentes

29, 30: olhos, tornozelos e varizes





Outubro 2011:

1,2: coxas e quadris

3, 4, 5: não operar em parte alguma nem extrair dentes

6, 7: olhos, tornozelos e varizes

8, 9, 10: pés

10, 11, 12: cabeça, olhos, extrair dentes

13, 14, 15: pescoço e órgãos nele localizados: garganta, amígdalas, extrair dentes

15, 16, 17: peito, ombros, braços, mãos e pulmões

18, 19, 20: estômago, fígado, seios, útero, ovários e próstata

20, 21, 22: espinha e coração

22, 23, 24 fígado, intestinos e baço

24, 25, 26: rins, região lombar, ureteres

26, 27, 28: órgãos sexuais, virilhas, bexiga, ânus e nariz

28, 29, 30: coxas e quadris

31: não operar em parte alguma nem extrair dentes

[1] Segundo Max Heindel, nas operações efectuadas entre a lua nova e cheia (em crescente, favorável aos estimulantes) prevalece o êxito, ao passo que as realizadas entre a lua cheia e nova (minguante, adequado aos sedativos) correm perigo de complicações.

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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Limpar o mundo


Texto e fotografia Dina Cristo

Começa dia 19 uma campanha mundial pela recolha de lixo. A Clean up the World tem, desde há 15 anos, o apoio das Nações Unidas e pretende sensibilizar homens e mulheres para a necessidade de colocar os resíduos… nos locais devidos.
Despoletou com uma iniciativa individual, na Austrália. Hoje, abrange voluntários um pouco por todo o planeta bem como acções educativas e de plantação de árvores em dezenas de países.
O envolvimento das comunidades locais tem permitido retirar milhões de toneladas de detritos e contribuir, assim, para despoluir o meio ambiente - uma oportunidade para curar o mundo
- também em Portugal.

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quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Infinita sabedoria

Num ano em que se comemoram 460 sobre o seu nascimento, revemos um dos livros de Giordano Bruno, “Acerca do infinito, do universo e dos mundos”. Em cinco diálogos, o autor expõe, no séc. XVI, como o universo está cheio de infinitos mundos invisíveis aos sentidos e pleno de vida.

Texto Dina Cristo

As pessoas estão mortas em vida, pois têm no corpo a cadeia que as acorrenta. Os sentidos atraiçoam: eles não vêem o infinito e enganam nos juízos que fazem, como no caso do movimento da Terra, que nos é insensível. Para além do limite imaginário do céu, existem corpos mundanos, astros, Terras e Sóis ilimitados: «Existem terras infinitas, sóis infinitos, e éter infinito»
[1].
Há, pois, que ver com os olhos da razão e ser douto por ciência e não por fé: julgar correctamente em vez de acreditar. Teólogos e filósofos sabem «que a fé se requer para a educação dos povos rudes, que devem ser governados, e demonstração se requer para os iluminados, que se sabem governar a si próprios e aos outros»
[2].
Plenitude celestial
Omitido por Galileu, é contra Aristóteles, quando este defendeu que fora do céu estava o nada. Se existe o vácuo, argumentou, então deve poder conter mundos, se não existe é porque é o pleno. Para o filósofo dominicano todo o espaço infinito é semelhante a este que vemos. Se este mundo é conveniente, pleno, bom e necessário, os outros também o serão.
No Séc.XVI Giordano Bruno defendeu que o vazio não existe - «A experiência é contrária ao vácuo e não ao pleno»
[3] - há vida em todos os planetas e os outros mundos são povoados como a Terra. O espaço infinito «que se difunde por tudo, penetra em tudo, e é continente, contíguo e contínuo a tudo, não deixando vácuo algum»[4] é o lugar onde tudo se move e desliza. No espaço imenso e amplo não há diferença entre direita e esquerda, em cima e em baixo, adiante e atrás. O infinito não tem centro nem margens. Há um só céu.
(In)finitos mundos
O corpo terrestre não é mais do que um ponto entre mundos inumeráveis. O universo é infinito, mas é finito cada um dos inumeráveis mundos que contém: «Cada um dos infinitos mundos é finito»
[5]. Se Deus é infinito cria mundos infinitamente finitos; se a potência é infinita o acto também o é. Há uma eficiente alma motriz, impulsionadora dos globos, ser necessário e imutável, que compreende o infinito, o número em potência. A causa operadora comporta o efeito.
O Divino, poder e vontade, está inteiramente em todo o mundo e em cada uma das suas partes. O amplíssimo infinito está no indivíduo simplicíssimo e este está nele, pelo modo como o infinito está em tudo e tudo está nele. O todo está em todas as partes e todas as partes estão no todo. O universo, além de conter o mundo, é também o espaço fora dele. O vácuo é aquilo que pode conter qualquer coisa, como os átomos, o princípio infinito e imóvel, é invulnerável e o infinito não pode ser terminado, enquanto os corpos são vulneráveis e dissolúveis.
Esferas invisíveis
O infinito é uma região etérea imensa, onde existem inumeráveis corpos, como a Terra, a Lua, o Sol. Os mundos são as esferas, corpos incontáveis colocados no éter, o ar, espírito que, além de estar à volta dos corpos, penetra neles. No infinito não há qualidade de grave ou leve. Ele não é móvel, nem em potência nem em acto, mas completamente imóvel, inalterável e incorruptível. É a infinita duração, a eternidade.
Para Giordano Bruno, é necessário que existam mais Sóis inumeráveis «sendo muitos deles visíveis sob a espécie de pequenos corpos»
[6]. Não lhe espantaria, pois, que os astros que estão para além de Saturno (e que podem receber tanto calor quanto lhes baste) se são imóveis verdadeiramente como parecem, venham a ser os inumeráveis Sóis em torno dos quais giram as terras próximas que não são perceptíveis por nós. Para os que vivem no Sol não é este que faz o dia, mas outra estrela circundante: «aos que estão nos astros luminosos, ou iluminados, não é sensível a luz do seu astro, mas a dos circundantes»[7].
Na verdade, são infinitas terras – como a Lua, Mercúrio ou Vénus – que giram à volta de incontáveis sóis: «Nem é absurdo que existam ainda outras terras que se movam em torno deste sol (…) Além dos visíveis, podem ainda existir inumeráveis lumes aquosos (isto é, terras em que a água toma parte) que giram em torno do sol»
[8].
Movimento renovador
Embora limitado, há movimento no finito. Todos os astros se movem, nas suas regiões e distâncias no campo etéreo, pelo princípio interno que é a sua alma. Esta essência divina move tudo e dá a todas as coisas a possibilidade de se moverem – ela é a Vida das vidas. Assim, há dois princípios activos do movimento: o finito, que se move no tempo, segundo a razão do sujeito finito, e o infinito, que se move no instante, segundo a razão do sujeito infinito. Neste caso, como acontece com a Terra, partir e chegar são simultâneos, pelo que se mantém estável: o mover-se é, ao mesmo, tempo, não se mover
[9].
Os astros, que são inúmeros bem como os mundos nele contidos e diferentes na matéria, assemelham-se no movimento para o seu espaço. É a gravidade, o impulso das partes que estão longe para o seu próprio local. Cada parte reflua e volta para o grande corpo, o todo. Qualquer dos corpos do universo é transmutável, difundindo parte de si e sempre em si recolhendo. Ao nível atómico, por exemplo, há infinitas transformações, quer de formas quer de lugares, numa renovação em que «(…) continuamente flúem em nós novos átomos e partem de nós os recolhidos de outras vezes»
[10]. Nesta mudança, o crescimento implica um maior influxo, o envelhecimento um maior defluxo (obedecendo à debilitação constante) e o amadurecimento um fluxo equivalente.
Acção centrípeta

Cada astro, como cada alma, tem o seu centro. O todo, como cada parte, tem o seu meio (no caso do Ser Humano é o coração), para o qual tende naturalmente – o extrínseco da circunferência é a parte superior e o intrínseco a inferior: «(…) nem um astro no seu todo, nem parte dele, estariam aptos a moverem-se para o meio dum outro»
[11]. Uma Terra, animal móvel, não se move para outra, próxima ou afastada que esteja. O desejo de conservar-se é o seu principal princípio motor.
Os astros, como o globo terrestre, movem-se no imenso espaço etéreo, em torno do próprio centro e de qualquer outro meio, por princípio intrínseco. Os cometas são espécies de astros que se aproximam e afastam da Terra, por atracção e repulsão. Tudo o que se move espontaneamente tem translação circular, ou em torno do seu meio ou em volta de um alheio. Durante um longo curso de séculos, não há, contudo, parte central que se não torne circunferencial e vice-versa; no decurso de enormes intervalos de idades, os mares transformaram-se em continentes e estes em oceanos. Na verdade, só no infinito ilimitado não existe movimento ou diferença entre o tempo e o lugar.

Corpos luminosos e moderadores

Em cada membro da Terra existem, de forma clara ou latente, pelo menos três dos quatro principais elementos: terra, água, ar e fogo. Tanto o Sol como a Terra são compostos dos mesmos princípios, embora predomine um. Se na sua composição predomina o fogo chama-se Sol, se é a água chama-se Terra.
Para Giordano Bruno, as terras infinitas são móveis e não cintilam enquanto os fogos são fixos e brilham. Há, pois, dois tipos de corpos luminosos: os aquosos ou cristalinos, constituídos por águas iluminadas, e os ígneos, constituídos por chamas luminosas, sendo os seus mundos igualmente habitados.
O universo é ainda constituído por corpos contrários, como o quente e o frio, que, difundidos no campo etéreo, se equilibram; o fogo (quente e seco) e a água (fria e húmida) harmonizam-se por conflito. «O frio e o húmido aniquilar-se-iam com o quente e o seco; ao passo que, dispostos a certa e conveniente distância, um vive e vegeta por influência do outro»
[12].
Todas as partes que a Terra possui não são luminosas por si próprias, mas tem partes de fogo. O Sol, que é por si próprio quente e luminoso, só é arrefecido pelos corpos circundantes, mas tem em si partes de água. «E como neste corpo frigidíssimo (…) existem animais que vivem pelo calor e luz do Sol, assim naquele quentíssimo e luminoso existem aqueles que vegetam pela refrigeração dos corpos frios circundantes»
[13].
Terra d´água
A água não está apenas e principalmente à volta da Terra mas no seu próprio seio. O meio do planeta é mais lugar de água do que de terra. Nós habitamos «(…) no côncavo e escuro da terra, e temos para os animais, que existem sobre a terra, a mesma relação que os peixes têm para nós (…) também nós vivemos num ar mais carregado do que aqueles que estão numa região mais pura e tranquila»
[14].
É a água que une e dá coerência às partes, tal como a substância espiritual dá coerência à material: «em todo o corpo sólido que tem partes coerentes existe água»
[15]. As coisas espessas, além de possuírem maior participação de água, são a água em substância, como é o caso dos metais liquescíveis. A firmeza da terra deve-se também à água que está dentro dela como o sangue (e humores) no Ser Humano.

[1] BRUNO, Giordano – Acerca do infinito, do universo e dos mundos, 4ª edição, Fundação Calouste Gulbenkian, 1998, pág. 63 [2] Idem, pág. 43 [3] Idem, pág.32 [4] Idem, pág. 174 [5] Idem, pág.139 [6] Idem, pág. 92 [7] Idem, pág. 96 [8] Idem, pág. 90 [9] Idem, pág. 47 [10] Idem, pág. 67 [11] Idem, pág.129 [12] Idem, ibidem [13] Idem, pág.96 [14] Idem, pág.106 [15] Idem, pág.111

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